Já falamos aqui neste espaço que a NBA é mais que uma liga esportiva. Ela é uma criadora de histórias. Cada time seria um capítulo de uma série com histórias de glória, derrota e redenção. Um tipo de história que mais se repete na vida e na própria NBA é a construção de um novo ídolo, regozijo ao vê-lo triunfar, deleite em destruí-lo e por fim, a redenção. Magic Johnson, Michael Jordan e todos que hoje estão no panteão mais alto da NBA já passaram por todo esse tortuoso caminho. Chegou a vez do jovem jogador do Memphis Grizziles Ja Morant.
Somente para recapitular rapidamente o que aconteceu: no último domingo, dia 5 de março, durante uma transmissão via Live do Instagram, o jogador apareceu em o que parece ser uma boate ou uma festa, sem camisa e com uma possível arma de fogo. O mundo da NBA caiu em cima de Morant. Os patrocinadores como a Nike entraram no jogo. Foi o caos. No fim do dia, na sua conta oficial do Twitter, Ja Morant pediu desculpas e vai se afastar do time para “melhorar enquanto pessoa”.
Não é nosso objetivo defender Morant, até porque o que ele fez com temporada do Memphis, com seus companheiros de time e ele próprio é indefensável, mas tem algo bem estranho nesse “tour de force” que Ja Morant está sofrendo. Um dos motivos pode ser o estado atual do relacionamento pessoal dos jogadores da NBA. Antigamente, tínhamos rivalidades na NBA. Larry Bird e Magic Johnson só foram se falar depois de quase 10 anos de rivalidade. Michael Jordan até hoje não suporta Isiah Thomas. Hoje, com o advento dos profissionais jogando juntos na seleção e a consolidação do mercado de agentes de jogadores, acabou-se formando uma grande confraria de compadres. É aquilo, Kyrie Irving fez ou falou alguma bobagem, e aparece um tuite de Lebron dando apoio. Morant parece não seguir essa cartilha. Isso desde o seu começo na liga. Em sua temporada de calouro, o Memphis tinha o veterano campeão Andre Iguodala em seu elenco. Enquanto o time surpreendia a NBA acumulando vitórias, “Iggy” não se decidia se iria ou não jogar pelo Grizzilies. Morant não perdoou. Em entrevista, na época, falou em alto e bom som que se Igoudala não quisesse ajudar, a porta era serventia da casa. Palavras fortes para um calouro.
Com uma final de conferência nas costas, Morant chegou nesta temporada com tudo. O Memphis sempre esteve entre os primeiros no Oeste e caminhava para um bom playoff. Esse era o cenário até o dia dois de fevereiro. Em entrevista a ESPN Americana, Ja Morant declarou que só se preocupava com o Boston Celtics. Perguntado sobre algum time do Oeste, Morant riu e disse que o Oeste estava no papo. Nem precisamos dizer que não pegou bem entre os jogadores dos outros times. No All Star Game deste ano, perguntando se ele participaria do moribundo campeonato de enterradas, Morant foi claro: não participo e não participarei. Nem precisamos dizer que a NBA não deve ter ficado nem um pouco satisfeita.
Desde então, todos os desvios de Morant foram colocados à prova para o julgamento dos justos da Internet. Com tudo isso, parece que a temporada do Memphis está perdida e que Morant vai precisar de uma “correção de curso” na sua carreira. Uma pena. Na NBA de comprades atual, um pouco de rivalidade não faz mal a ninguém. Em especial a uma competição.
Código secreto
Foram poucos jogos de Kevin Durant com o Phoenix Suns, mas está um pouco claro como o superstar se sente à vontade na quadra de basquete. E chegamos a esta conclusão não pelos 3 jogos, mas sim pela carreira do jogador. Durant, mesmo sendo o jogador mais talentoso em quadra, fica mais confortável quando é utilizando quase como um coringa ou um “truque especial” de um jogo de vídeo game. Em OKC, enquanto tinha outros para carregarem o piano com ele, ele estava feliz. Quando o talento foi minguando e saindo de Oklahoma, e KD teve que “assumir a cadeira de motorista”, ele espanou. No Warriors, mesma coisa. Quando era utilizado como “poder especial”, ele estava de boa. A situação se repete na seleção americana.
Com Booker voando, media de 36 pontos com Durant em quadra, CP3 bem e Ayton funcionado, Durant tem sido o, desculpem a infâmia, “plus a mais” do Suns. Vamos ver nos playoffs como ele se comporta.