ASSINE
search button

Fortaleza perde para a LDU nos pênaltis e é vice-campeão da Sul-Americana

Lucero e Azulgaray marcam nos 90 minutos. Nos pênaltis, goleiro equatoriano defende cobranças de Silvio Romero, Pedro Augusto e Brítez e dá o título à LDU

Fortaleza e LDU empataram nos 90 minutos
Foto: Divulgação/Conmebol

Por duas vezes, o Fortaleza teve a vantagem na final da Copa Sul-Americana. No tempo regulamentar, abriu o placar com Lucero e levou o empate, num golaço de Alzugaray: 1 a 1. Nos pênaltis, o volante Pedro Augusto teve mais uma bola do jogo, mas também falhou. Resultado: a LDU, na força de sua tradicionalíssima camisa, conquistou, neste sábado (29), no estádio Domingo Burgeño, em Punta Del Leste, no Uruguai, o bicampeonato da segunda competição mais importante do continente.

Venceu também quem estava mais acostumado com as penalidades. Enquanto o time cearense chegou na decisão sempre com vitórias nos 90 minutos, a equipe equatoriana, que já havia sido algoz do Fluminense em duas finais continentais, eliminara Nubleñse, nas oitavas de final, e São Paulo, nas quartas, ambas nas disputas penais. Contra o Fortaleza, repetiu a dose e venceu por 4 a 3. O herói da noite foi o goleiro Alexander Domínguez, que pegou três cobranças, uma a mais do que João Ricardo.

Primeiro tempo

Não foi a melhor apresentação das duas equipes, que pareciam nervosas, com medo de errar. A melhor chance do jogo foi com Marinho, aos 17 minutos. Por preciosismo, o atacante tentou driblar demais e perdeu a chance de finalizar. Os goleiros das duas equipes acabaram sequer trabalhando durante os primeiros 45 minutos.

Segundo tempo

Se o primeiro tempo foi pouco movimentado, a segunda etapa teve um cenário oposto. Logo no primeiro minuto, o atacante equatoriano Jhojan Julio obrigou João Ricardo a operar um milagre. No minuto seguinte, o Laion respondeu à altura. Lucero recebeu passe açucarado de Pochettino e se antecipou à zaga para abrir o placar: 1 a 0. Foi o 22º gol do argentino com a camisa tricolor na temporada - ele é o artilheiro do time. Quase não deu tempo de comemorar. Quatro minutos depois, o meia Alzugaray fez fila na defesa cearense e chutou colocado, com rara categoria, sem chances para João Ricardo, um golaço.

O Leão do Pici não sentiu o golpe e voltou a pressionar o adversário em seu campo de defesa, especialmente após entrada de Yago Pikachu, aos 18 minutos. Com menos de 60 segundos em campo, o "pokemón" chutou com perigo de fora da área e obrigou o goleirão Alexander Domínguez a salvar a LDU. O Fortaleza levou perigo dois minutos depois, com cabeçada do lateral Bruno Pacheco quase na pequena área, mas o guarda-redes, como um gato, defendeu à queima roupa. Aos 44, foi a vez do São João Ricardo salvar o Fortaleza em chute de Martinez e garantir a prorrogação.

Prorrogação

Com as pernas pesadas, o Laion começou pressionando do jeito que dava, ou seja, nas bolas aéreas. Aos seis, o lateral Tinga por pouco não aproveitou uma delas, mas mandou para fora. Já a LDU, que parecia mais inteira na partida (uma vez que está acostumada a jogar na altitude de Quito), insistia mais nas jogadas de velocidade, mas também sem muito capricho.

Tudo piorou para o Fortaleza quando o zagueiro Titi se machucou faltando oito minutos para o fim da prorrogação. Sem poder substituir mais ninguém, o xerife voltou no sacrifício, mancando, e por isso foi para o ataque. O Fortaleza conseguiu se segurar e levar a decisão para os pênaltis.

No coração

Pela LDU, Paolo Guerrero, velho conhecido do futebol brasileiro, e Alvarado erraram. Alzugaray, Martínez, Jhojan Julio e Piovi converteram.

Já pelo Fortaleza, Thiago Galhado, Yago Pikachu e Tinga converteram, enquanto o atacante Silvio Romero, o volante Pedro Augusto e o zagueiro Brítez desperdiçaram. LDU 4 a 3 e bicampeaã sul-americana.

Da Série C ao vice da América em seis anos

O Fortaleza Esporte Clube consolidou com a taça continental o ápice de seus 105 anos de história, algo que chega a ser surpreendente para uma equipe que, em 2017, disputava a terceira divisão nacional. Um dos clubes mais equilibrados do Brasil nos últimos anos, o Leão passou por grande reestruturação, a começar pela soberania em âmbito estadual, levando os últimos cinco títulos do Campeonato Cearense.

Mas é em âmbito nacional - e internacional - que a ascensão torna-se ainda mais evidente. Após ser rebaixado da primeira divisão em 2006, a equipe ficou 10 anos amargando a disputa da Série B e C, sem grandes momentos fora do cerco estadual. Mas as coisas começaram a mudar em 2017, com o vice-campeonato da terceira divisão e consequente acesso para a Série B após oito anos. Nessa mesma temporada, em setembro, Marcelo Paz assumiu como presidente e virou uma chave dentro do clube. A partir de então, foi só sucesso.

Para a disputa da Série B, Paz contratou Rogério Ceni, outro personagem da reformulação. O ídolo do São Paulo chegou com a responsabilidade de organizar o time em campo e também fazer parte da reestruturação fora das quatro linhas. E não decepcionou Ceni levou o Fortaleza ao título inédito da Série B com incríveis 71 pontos, nove a mais que o segundo colocado. Era o primeiro e único título nacional da equipe.

Em 2019, embalado pelo caneco, o Leão do Pici conquistou o primeiro dos cinco títulos estaduais consecutivos, contra o maior rival, o Ceará. No mesmo ano, a equipe venceu a Copa do Nordeste pela primeira vez em sua história, mostrando que o projeto de Marcelo Paz era mais forte do que muitos imaginavam. No Brasileiro, também não levou sustos, terminando em nono.

Após quase ser rebaixado na temporada de 2020, marcada pelo Covid-19, o Fortaleza contratou Juan Pablo Vojvoda em maio de 2021. O argentino, possivelmente o maior técnico da história do clube, venceu mais uma Copa do Nordeste, no ano seguinte, 2022, e ainda levou o time à inédita semifinal de Copa do Brasil. Agora, em 2023, é o principal responsável pelo primeiro título internacional.

Foto: Fortaleza/Divulgação - Time abraça Lucero para comemorar gol do Leão
Compartilhar