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Semifinal de Roland Garros: Bia Haddad luta, mas não passa pela número 1 do mundo

Polonesa Iga Swiatek vence brasileira por 2x0 em pouco mais de duas horas de partida

Por Fabio de Amorim
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Publicado em 08/06/2023 às 19:10

Alterado em 09/06/2023 às 10:33

Bia Haddad perde semifinal de Roland Garros para Iga Swaitek. Divulgação/WTA

Nesta quinta-feira (8), a brasileira Bia Haddad Maia, de 27 anos, enfrentou a número 1 do mundo, a polonesa Iga Swiatek, de 22 anos, na quadra Philippe-Chatrier, e perdeu por 6-2 e 7-6 (com 9-7 no tie-break), pelas semifinais de Roland Garros, um dos quatro torneios de maior importância do tênis.

Por ter chegado a essa semifinal em Paris, Bia Haddad vai subir da 14ª posição no ranking para a 10ª (se Swiatek vencer Karolina Muchova na final; caso contrário, Bia ficará com a 11ª posição).

A última vez que uma brasileira chegou a uma semifinal de Grand Slam foi em 1968. Na época, Maria Esther Bueno perdeu para Billie Jean King no US Open. A maior tenista do Brasil foi a única mulher do país a alcançar uma semifinal de Grand Slam, até surgir Bia Haddad, que chegou nessa etapa em Roland Garros.

A tenista está muito próxima de ficar entre as dez melhores do mundo. Algo que não ocorre desde a hegemonia de Maria Esther Bueno, quando foi número 1 do mundo em 1959, 64 e 66, graças, em grande parte, aos seus sete títulos de Grand Slam (Wimbledon: 1958, 60 e 64; US Open: 1959, 63, 64 e 66).

Todos esses títulos foram em simples, mas Maria Esther também dominou as duplas, com 11 títulos e mais um em duplas mistas. A maioria dessas conquistas aconteceu antes da chamada Era Aberta do tênis.

Até 1968, os torneios de Grand Slam só aceitavam tenistas amadores. Mas, a partir daquele ano, os profissionais também puderam competir. Foi justamente em 1968 que Maria Esther parou na semifinal do US Open.

É por isso que o feito de Bia Haddad chama a atenção: porque uma brasileira alcançou de novo uma semifinal de Grand Slam somente agora, em 2023.

O jogo

Já se sabia da dificuldade que a brasileira teria para derrotar Swiatek. Em 28 jogos disputados em Roland Garros, a polonesa só perdeu dois. Ela disputou quatro edições do torneio francês e conquistou dois títulos.

Bia quebrou o saque de Iga e depois a polonesa devolveu a quebra. O set prometia ser equilibrado e foi assim até o 2x2. Mas, a partir do quinto game, a número 1 do mundo não perdeu mais e fechou o set em 6x2.

Um aspecto que poderia pesar contra a brasileira, além da capacidade técnica da rival, era o cansaço. Antes da semifinal, Iga Swiatek disputou, neste torneio, um total de cinco horas e 32 minutos. A brasileira, no entanto, jogou por 12 horas e 55 minutos. Ou seja, correu sete horas e 23 minutos a mais do que a polonesa.

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Iga Swiatek (Foto: Philippe Montigny/FFT)

No segundo set, Bia Haddad reagiu. Depois de uma hora e meia de partida, estava 4x4, com Swiatek no saque. A brasileira pressionou e teve três chances de quebrar o saque da rival, mas errou muito e a polonesa confirmou seu saque: 5x4.

No game seguinte, Bia confirmou seu saque e ficou tudo igual de novo: 5x5. Iga fez 6x5 rapidamente e Bia respondeu: 6x6. O jogo foi para o tie-break.

Tie-break

Nenhuma tenista tinha, até então, dado tanto trabalho para Iga Swiatek, que ainda não tinha perdido nenhum set no torneio este ano. Com duas horas de partida, Bia vencia o tie-break por 4x3. Fez 5x3 e teve uma bola fácil para marcar 6x3, mas bateu fraco e deu o ponto para a polonesa.

Iga reagiu e empatou logo depois: 5x5. O jogo era muito equilibrado e ficou assim até o placar de 7x7. Nesse momento, Swiatek fez valer o fato de ser a melhor do ranking e fechou em 9x7. Ganhou o jogo por 2x0, em duas horas e nove minutos (e continuou sem perder sets).

Ainda na quadra, na tradicional entrevista pós-jogo, Swiatek elogiou a brasileira e disse algo que já havia falado outras vezes. Segundo ela, não foi fácil:

“Ela é uma guerreira e mostrou isso em cada uma das partidas aqui. Eu sabia que precisaria estar pronta em todos os games porque a partida pode mudar rapidamente, e fico feliz por ter sido sólida e consegui fechar com esses últimos golpes. Fico feliz que tenha dado certo", explicou Iga.

Na final de Roland Garros, a polonesa enfrentará a tcheca Karolina Muchova, que derrotou a ucraniana Aryna Sabalenka por 2x1, parciais de 7-6 (7-5 no tie-break), 6-7 (5-7, no tie-break) e 7-5.