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Messi vai jogar nos Estados Unidos, onde terá percentual da Adidas e dos canais de assinatura

Argentino recusou uma proposta de R$ 2 bilhões ao ano do futebol saudita

Por Gabriel Mansur
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Publicado em 07/06/2023 às 21:47

Alterado em 07/06/2023 às 22:22

Messi Foto: Divulgação/PSG

Acabou a Era Messi no futebol europeu. Agora de fato e de direito. O recordista de gols nas cinco principais ligas do velho continente confirmou sua transferência para o Inter Miami, dos Estados Unidos.

Seu contrato com o Paris Saint-Germain, onde esteve pelas últimas duas temporadas, acabou nesta semana.

O argentino recusou uma proposta de R$ 2 bilhões ao ano do Al-Hilal, da Arábia Saudita, para receber bem menos, cerca de 60 milhões de euros (R$ 315 milhões na atual cotação), conforme informação da rede britânica BBC.

O melhor do mundo também tinha uma proposta para regressar ao Barcelona; mas, diante das condições impostas ao clube catalão pela La Liga, optou por não fechar o negócio. Os Culés, inclusive, ironizam a escolha do maior ídolo de sua história.

Messi disse que pesou na decisão o bem-estar da família e que não gostaria de atuar em outro time da Europa que não fosse a equipe catalã.

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Messi foi campeão do Mundo em 2022 (Foto: Divulgação/Fifa)

"Tive ofertas de outras equipes europeias, mas nem avaliei porque minha ideia era ir ao Barcelona. Se não fosse o Barcelona, analisando tudo, era sair do futebol europeu, especialmente depois de ter ganhado a Copa do Mundo, que era o que me faltava para fechar minha carreira nesse lado. (Queria) viver a liga dos Estados Unidos de outra maneira, (aproveitar) muito mais do dia a dia, com a mesma responsabilidade de querer ganhar e fazer as coisas bem", declarou.

O camisa 10 também alegou que não era feliz no PSG, especialmente por como sua rotina no clube afetou sua vida familiar.

"Foram dois anos em que não era feliz, não desfrutava, e isso afetava minha vida familiar, perdia muito da vida com meus filhos no colégio. No Barcelona, ia buscá-los, aqui fiz muito menos isso, compartilhava de menos atividades com eles. A decisão passa por aí também, de me reencontrar, entre aspas, com a minha família, com meus filhos, e desfrutar do dia a dia", completou.

Visão de negócios

Prestes a completar 36 anos, no dia 24 de junho, Messi vai defender o terceiro time na carreira, o primeiro fora da Europa. O Miami é o lanterna da Conferência Leste da MLS, mas o que convenceu não está no âmbito esportivo.

O site esportivo "The Athletic", por exemplo, noticiou que uma porcentagem dos assinantes do serviço de pay-per-view da liga iria para o astro argentino.

Messi ainda receberia um percentual de lucros da Adidas, fornecedora de material esportivo de todas as equipes da MLS e que também tem contrato com o astro.

Os donos do Inter Miami também cederiam a Messi, segundo a publicação, a opção de ficar com uma porcentagem do clube após se aposentar, como aconteceu com o inglês David Beckham.

Em maio de 2021, Messi havia comprado um apartamento de luxo em Miami, no valor de R$ 32 milhões. Foi na cidade norte-americana, inclusive, que o craque passou parte das férias com a família após conquistar a Copa América diante do Brasil.

Calendário especial e maior salário da liga

A própria MLS abraçou a ideia. Na hora de elaborar a tabela de jogos da temporada 2023, que começou em fevereiro e vai até outubro, a liga agendou as partidas do Miami fora de casa contra os adversários que possuem os maiores estádios, prevendo grandes públicos com a possibilidade de Messi em campo.

Assim, o Inter vai enfrentar, por exemplo, o Atlanta United, em setembro, no Mercedes-Benz Stadium, com capacidade para 72 mil torcedores, e o Charlotte FC, na Carolina do Norte, em outubro, no Bank of America Stadium, onde cabem 75 mil pessoas, maior estádio da liga.

A MLS abriu uma brecha até para os limites orçamentários. O teto salarial para a temporada 2023 é de 650 mil dólares anuais (R$ 3,3 milhões), mas todo clube tem direito a contratar três atletas acima desse teto, os chamados “jogadores designados” (“designated players”, no original).

Essa regra foi criada em 2007 para viabilizar a contratação de David Beckham pelo Los Angeles Galaxy. Além de um salário acima do teto, o contrato de Beckham incluiu uma cláusula que permitia o jogador comprar uma liga no futuro. Beckham exerceu esse direito em 2018, juntou-se a Jorge e José Mas e comprou o Inter Miami por 25 milhões de dólares.

O maior salário da liga, do italiano Lorenzo Insigne, do Toronto FC, é de 13 milhões de dólares anuais (cerca de R$ 67 milhões). Agora o Inter Miami, mesmo fundado em janeiro de 2018, vai pagar quase cinco vezes esse valor para poder contar com sete vezes melhor jogador do mundo.

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