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Pais nos treinos das categorias de base do futebol atrapalham?

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Um dos aspectos da aprendizagem esportiva é a presença dos responsáveis junto à prole durante aulas e treinos. Natação, futsal, basquete, entre outros esportes, lidam com certa frequência com a presença de pais, avós e demais parentes que assistem aos treinos. Expectativas geradas sobre o desempenho dos filhos e netos são normais, principalmente para pais de primeira viagem, onde um pequeno acerto ou erro ganham uma dimensão maior que deveria.

Mas passemos agora para o futebol. A aprendizagem desse esporte, bem como a seleção de talentos para as categorias de base de grandes clubes, é cercada de uma cultura esportiva distinta daquela que temos nos outros esportes. Seja porque as famílias vislumbram algum benefício financeiro futuro, seja porque o futebol é sem dúvida o nosso esporte mais popular, o que se tem é ausência de responsáveis distante dos treinos das categorias de base da maioria dos clubes. Por que?

A explicação é que quando pais e responsáveis estão por perto, eles atrapalham mais que ajudam. Gritos, xingamentos, discussões, conselhos distintos dos treinadores sobre uma determinada jogada, por exemplo, são algumas das explicações que são usadas para afastar os pais das arquibancadas durante os treinos. Ou seja: um treino vira um jogo de final de campeonato. Difícil situação.

Compreende-se que esta seja a solução mais simples para evitar situações constrangedoras ou excessivamente invasivas em momentos de aprendizagem visando ao resultado de excelência. Mas há de se fazer diferente. Se os esportes citados no início deste texto contam com professores e treinadores que têm de saber lidar com estas situações, por que no futebol não conseguimos fazer diminuir a tensão, a expectativa e, por que não, as situações de conflito que impedem a presença dos pais e responsáveis próximo dos seus rebentos?

Claro que as cobranças não vão diminuir, ou o ambiente não vai ficar tranquilo de uma hora para outra, mas os clubes precisam ter outras estratégias do que apenas impedir a presença dos responsáveis nos treinos, com a justificativa de que eles atrapalham. Sem contar, é claro, que muitas vezes os locais de treino não contam com estrutura adequada para lidar com situações de acidentes que são comuns em esportes de contato como o futebol. Até que o responsável chegue ao local, tal como no gramado ou mesmo no vestiário, existe uma eternidade que só quem é pai ou mão sabe como é importante, sobretudo quando a situação envolve o próprio filho. Assim, é injusto, desumano e desnecessário que pais e responsáveis sejam obrigados a ficar do lado de fora, em pé, procurando frestas, assistindo de longe seus filhos...

A realidade é complexa e soluções simples normalmente estão erradas, mas algo precisa mudar nestes ambientes. Algo que ofereça mais do que pedir para que se “aguarde lá fora, por favor”.