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Tenista russo deixa papel de vilão e busca ato heroico contra Nadal

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Independentemente do que aconteça na final masculina do US Open, neste domingo (8), às 17h (de Brasília), o tenista russo Daniil Medvedev sairá do torneio em um novo patamar.

Após um vice-campeonato e um título nos dois Masters que antecederam o Grand Slam americano, o atleta de 23 anos justificou as altas expectativas criadas sobre seu desempenho em Nova York.

O russo, que começou o torneio na quinta posição do ranking, superou as dores que o atormentaram na primeira semana de competição e mostrou que jogar sob pressão não foi um problema para ele como costuma ser para outros jovens tenistas.

Antes de entrar na quadra do estádio Arthur Ashe, principal palco do US Open, todo jogador se depara com a frase "pressure is a privilege" (pressão é um privilégio), que ficou famosa com a ex-tenista Billie Jean King e está inscrita numa placa pendurada no local.

Medvedev a assimilou como poucos e foi além, ao assumir para si o papel de vilão do torneio. Em jogo da terceira rodada, contra o espanhol Feliciano López, ele arrancou a toalha da mãos de um boleiro e acabou vaiado pelo público.

Em vez de baixar a guarda, o russo respondeu mostrando o dedo do meio e acirrou a tensão com as arquibancadas. Ao fim do confronto, em entrevista na quadra, foi irônico ao dizer que, se não fosse pela energia que os torcedores lhe deram, não teria sido possível sair com a vitória.

No jogo seguinte, o enredo se repetiu. Até que Medvedev abriu mão do personagem, afirmou ter-se comportado de maneira idiota e passou a se concentrar no que precisava fazer para chegar à final.

Assim, despachou o suíço Stan Wawrinka, algoz do sérvio Novak Djokovic, nas quartas de final, e o búlgaro Grigor Dimitrov, que havia batido o suíço Roger Federer, na semi.

"Eu tenho que dizer que amo os Estados Unidos", disse Medvedev numa cena inesperada desse roteiro, após carimbar a vaga para sua primeira decisão de Slam da carreira.

Se Djokovic e Federer ficaram pelo caminho, outro dos favoritos cumpriu o que dele se esperava. O espanhol Rafael Nadal, que buscará neste domingo seu 19º título em torneios do Grand Slam (ficaria a um do recorde de Roger Federer), não chegou a ser incomodado até agora e será o rival de Medvedev pelo título.

Na semifinal, ele se impôs mais uma vez na campanha e derrotou o italiano Matteo Berrettini com tranquilidade.

Desde que Wawrinka levantou o troféu do US Open de 2016, só Federer, Djokovic e Nadal ganharam os 11 eventos do Grand Slam disputados.

O sul-africano Kevin Anderson, 33, o argentino Juan Martín Del Potro, 30, o croata Marin Cilic, 30, e o austríaco Dominic Thiem, 26, conseguiram chegar a finais nesse período, mas não foram páreo para o trio de tenistas que dominou o circuito nas últimas décadas.

Mais novo dessa turma, Medvedev pode se apegar ao fato de que o torneio nova-iorquino tornou-se o Slam mais "democrático" nos últimos tempos e abriu oportunidades para que Wawrinka (2016), Cilic (2014) e Del Potro (2009) triunfassem em meio aos títulos dos mesmos de sempre.

Nas 5 últimas edições, 3 contaram com apenas um integrante do trio nas semifinais.

Mas Nadal tem algo mais concreto para basear sua confiança. No único confronto entre os dois finalistas, há cerca de um mês, o espanhol não deu chances para o russo e o venceu na final do Masters de Montreal por 6/3 e 6/0.