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De escola uruguaia, Darío Gómez encara primeira partida oficial no retorno ao comando do Equador

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BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - A seleção do Equador jogava em casa na primeira vez que se classificou a uma Copa do Mundo. Diante de cerca de 40 mil pessoas no Estádio Olímpico Atahualpa, em Quito, Jaime Iván Kaviedes marcou de cabeça aos 72 minutos e empatou com o Uruguai. O placar de 1 a 1 garantiu a vaga no mundial da Coreia e do Japão.

No comando do time estava o colombiano Hernán Darío Gómez, que havia assumido o cargo em 1999 com o objetivo de levar os equatorianos à liga dos grandes. Neste domingo, quase um ano depois de voltar à La Tri, Darío Gómez disputa sua primeira partida oficial com a seleção enfrentando justamente o Uruguai, no Mineirão, neste domingo (16), às 19h.

O retorno do técnico aconteceu em julho do ano passado, logo depois de ele estrear com outra seleção latino-americana em Copas do Mundo --levou o Panamá à disputa na Rússia. Desde então, os equatorianos e Darío Gómez tiveram 10 jogos e cerca de 40 treinos. Tempo curto de preparo.

"O tempo mais longo de trabalho foi o que tivemos agora e já verei os rapazes levando esse trabalho a uma partida oficial, que é completamente diferente de um amistoso. Mas a equipe está bem, unida, inteligente. Espero que [neste domingo], além de tudo isso, tenhamos um bom dia", disse ele a jornalistas.

Doze dos jogadores que jogam hoje na seleção equatoriana são estreantes em Copa América. A história do adversário é diferente. Óscar Tabárez tem 13 anos de trabalho na seleção, defesa com a experiência de Diego Godín e duas estrelas no ataque, Luis Suárez e Edinson Cavani.

Mesmo assim, Darío Gómez diz que não treina seus jogadores para focar em indivíduos, mas na bola em campo. "Não é desrespeito pelos rivais, mas um estilo de vida que há muitos anos venho tentando e tem funcionado. E às vezes não funciona".

O técnico não revela qual deve ser o esquema adotado contra a Celeste, mas disse que pode ter um time mais ofensivo como fez contra Peru, Venezuela e México, em amistosos recentes. Para ele, os times em geral estão cada vez mais defensivos e poucos "dão a cara".

Com espaço reduzido de jogo, a bola parada pode ser determinante, avalia o técnico. "Mas para mim, [o importante] na jogada de bola parada não é quem chega [nela], mas quem lança", afirma, dizendo que cobranças lançadas com mais velocidade --tanto em tiro livre quanto escanteio-- podem dar vantagem.

O técnico do Uruguai, Tabárez, definiu o Equador como adversário organizado, perigoso e bom na marcação. Darío Gómez disse que o maestro é uma referência a quem ele segue muito e que sua própria história como técnico "é mais uruguaia do que qualquer coisa", pelos professores que teve.

"Essa é minha décima Copa América, então já tenho uma experiência, mas um técnico tem uma idade, um estilo, o transmite e são os garotos que a desenvolvem. Eu creio muito nos jogadores que tenho", declarou.

O zagueiro Gabriel Achilier, que joga no Monarcas Morelia no México, conta que sente diferença na nova fase da seleção. Aos 34 anos, Achiller diz que "experiência não é casualidade" e que tem usado dela para trabalhar com os jogadores mais jovens.

"Esse sentido de pertencimento que tínhamos perdido está voltando, cada vez mais forte. Acho que não podemos perder essa identidade", defende.

Do lado da Celeste, a faixa segue no braço de outro zagueiro, Diego Godín. Campeão da Copa América de 2011, também com Tabárez, quando perguntado se esse campeonato pode ser a última chance de sua geração ganhar um título, Godín disse que responder a isso não contribuía em nada. 

"Sabemos que vai ser duro, que vai ser difícil, que vai ser disputado, mas estamos com uma emoção tremenda e com uma gana imensa de começar bem o torneio, que é tentando ganhar do Equador", afirmou. 

Tabárez está aliviado com o cenário que tem hoje em sua seleção. Até 10 dias atrás, o elenco tinha dúvidas e incertezas sobre nomes importantes. Mesmo assim, ele rechaça o favoritismo da seleção que é a maior campeã de Copas América --15 no total.

"Em algum momento desse processo [de 13 anos de trabalho], chegamos a estar em 60° no ranking da Fifa, em algum momento chegamos a estar em 2º. Acreditamos no processo de trabalho", diz ele.

Com as dificuldades do torneio curto, o maestro disse que mira a preparação para as eliminatórias para a Copa de 2022, no Qatar. O torneio mais difícil de se encarar, diz ele. No horizonte, o Equador também quer a vaga do mundial.

"A coisa mais importante é que, quando termine a Copa América, haja união, não haja fissuras, sejamos mais fortes para o que vier nas eliminatórias [da Copa]", disse Darío Gómez.