Poucas coisas são tão transformadoras no futebol como uma vitória importante. Que o digam os jogadores do Vasco. Convivendo há meses com derrotas, atrasos de salário e ameaças de agressão, eles tiveram ontem, enfim, um dia de paz e tranquilidade. E um dos mais festejados foi o goleiro Fernando Miguel. Substituto do até então intocável Martín Silva, o jogador foi uma dos responsáveis pela heroica vitória de 2 a 0 sobre o São Paulo, quarta-feira, em São Januário.
Antes de Pikachu fazer o segundo gol, ele fez uma defesa milagrosa, já nos minutos finais, em cabeçada certeira de Rodrigo Caio. Evitou o que seria o gol de empate e, provavelmente, mais protestos da torcida. Ontem, após o jogo, Fernando Miranda, auxiliar do técnico Alberto Valentim, que estava suspenso, não quis garantir o retorno de Martín, domingo, contra o Palmeiras, o que, aliás, não deve acontecer.
O uruguaio já não é uma unanimidade em São Januário. Tanto que ontem sequer foi relacionado para a partida, já que chegará ao Rio, vindo da Europa, onde estava com a seleção uruguaia, na manhã do jogo. Em outras ocasiões, mesmo viajando a noite toda, Martín Silva foi escalado. Como aconteceu, por exemplo, diante do Sport, há um mês.
Fernando Miguel sabe que deu passos importantes para permanecer como titular até o fim da temporada, mas deixa claro que não vai forçar nada. Quer que as coisas aconteçam naturalmente. “A grandeza do Martín Silva ninguém vai tirar, ou mudar o que ele já fez pelo Vasco. Mas busco meu espaço. Meu papel é me dedicar todos os dias e respeitar as decisões que forem tomadas, dentro e fora de campo. Meu respeito por ele independe de ser titular ou reserva”, disse o goleiro.
Ainda precisando de pelo menos dois pontos para se livrar matematicamente do rebaixamento, o Vasco recebe amanhã o Palmeiras, em São Januário. Se o time paulista vencer, conquistará o título brasileiro com uma rodada de antecedência. Neste caso, o Vasco terá de pontuar na última rodada, contra o Ceará, no Castelão. É bom não facilitar.