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Voz do pastor: Cabo Daciolo, o homem que roubou o debate

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Na última quinta-feira ocorreu o primeiro debate presidencial das eleições de 2018 na TV Bandeirantes. E Benevenuto Daciolo Fonseca dos Santos, de 42 anos, mais conhecido como Cabo Daciolo, roubou a cena dos telespectadores, que em grande parte, até então, não o conheciam. O presidenciável do Patriota iniciou o discurso com “Glória a Deus” e finalizou com uma leitura da Bíblia, que foi, pela primeira vez, teve um exemplar exibido em um debate político em rede nacional. 

O Google Trends – ferramenta que mostra os termos mais populares da internet em um período recente – revelou que o deputado federal foi o candidato que mais cresceu nas buscas da internet. Antes de começar o debate às 22h, Jair Bolsonaro (PSL) tinha 70% do total de buscas. Ao final da transmissão, entretanto, sua percentagem caiu para 25%, quase empatado com Cabo Daciolo, que saiu de 1% para 22%. Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL) também tiveram alta, e chegaram aos 14%. Por outro lado, Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB) estagnaram nos 4%.

Entre exaltações agressivas e menções religiosas, o ex-bombeiro e pastor Cabo Daciolo, ao comentar sobre segurança pública e femincídio, afirmou que o principal problema do país é a “falta de amor ao próximo”. Defensor de militares e evangélicos, o catarinense de Florianópolis, pai de três filhos, foi convertido à igreja em 2004, pela Assembleia de Deus. Iniciou sua carreira no PSOL após ganhar notoriedade por sua liderança na greve dos bombeiros do Rio em 2011. Na ocasião, os grevistas ocuparam o Quartel Central da corporação e acamparam nas escadarias da Assembleia Legislativa. Daciolo acabou preso disciplinarmente por nove dias em Bangu e, junto com outros 13 bombeiros, foi expulso da corporação.

Em 2014, foi eleito deputado federal pelo PSOL, com quase 50 mil votos – muitos deles de PMs de baixa patente, por defender uma proposta que vinculava vencimentos de bombeiros e policiais de todos os Estados aos da PM do Distrito Federal, os mais altos do país.

Depois de uma sequência de contradições com o partido de esquerda, foi expulso do PSOL, em 2015, por propor uma emenda para alterar o parágrafo da Constituição de “todo poder emana do povo” para “todo poder emana de Deus”, e por defender a libertação dos 12 policiais acusados de participar da tortura e morte do pedreiro Amarildo de Souza em 2013. 

Daciolo se filiou ainda ao PT do B, atual Avante, para depois vir a ser candidato à Presidência pelo Patriota – antigo partido de Bolsonaro. A lei obriga que os concorrentes com pelo menos cinco parlamentares no Congresso sejam convidados para debates e entrevistas nas emissoras.