ASSINE
search button

Eleição: Crivella e Freixo trocam acusações em debate de TV

Livro sobre religião, milícia, Garotinho e black blocs pautaram ataques de candidatos

Compartilhar

Os candidatos à Prefeitura do Rio no segundo turno, Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (Psol), subiram o tom das acusações e ofensas mútuas no debate de televisão promovido pela RedeTV! nesta terça-feira (18). Freixo lembrou das declarações do senador do PRB sobre outras religiões - "diabólicas" - e da Igreja Católica e sobre homossexualidade como "terrível mal" em livro. Crivella acusou o candidato do Psol de associação ao grupo dos black blocs em protestos na cidade.

"Quando você escreveu aquele livro, você tinha 42 anos, já era pai e estava se preparando para ser senador. O que você escreve não é o que você fala e o que você fala não é o que você pensa. É grave dizer que algumas religiões têm espírito imundo. Eu sempre fui contra qualquer forma de violência e não existe qualquer vínculo meu com black blocs", acusou Marcelo Freixo.

Crivella pediu desculpas pelas declarações em seu livro e disse que a obra foi escrita para arrecadar recursos para um projeto no Nordeste do Brasil. "Eu tinha menos de 32, 33 anos, estava arrecadando recurso para criar um projeto padrão para crianças lá no nordeste, foi para isso que foi feito o livro. Você é capaz de dizer que um pai de família, ficha limpa, tem apoio da milícia. Não vou dizer que você é canalha, o povo fará isso", rebateu o senador do PRB.

>> 'Tchau de miss' de Mariana Godoy repercute nas redes

Crivella acusou Freixo de fazer "campanha violenta" no segundo turno e negou vínculo com a mílicia. "Você me agride na televisão, você diz que eu tenho vínculo com a milícia, isso é uma mentira descarada, você nunca viveu na África. Desde criança eu prego o evangelho, isso não é ódio, isso é altruísmo", reclamou o candidato do PRB.

Freixo negou que tenha dito que vai aumentar o IPTU na cidade e disse, ainda respondendo a acusações de seu adversário, que é o partido de Crivella quem está apoiando a PEC 241, proposta de emenda constitucional que estabelece teto de gastos para saúde e educação em nível nacional pelos próximos 20 anos. 

"Ao contrário do que você diz, nós não vamos aumentar o IPTU, nós vamos fazer uma revisão para criar mais justiça. Os moradores do Morro da Formiga, por exemplo, receberam um aumento absurdo de IPTU. Isso acontece principalmente com os moradores da zona oeste, e não há qualquer intenção de congelar investimentos em saúde e educação, coisa que seu partido está apoiando lá em Brasília, no Congresso Nacional", rebateu Freixo.

Durante o segundo bloco, Freixo foi questionado por jornalistas sobre como se relacionaria com o PMDB, partido que está no comando do Governo do Estado e no Governo Federal, já que o Psol foi contra o impeachment de Dilma Rousseff. 

"Eleito, passo a representar os interesses da cidade do Rio de Janeiro, vou conversar com governo do estado, com presidente. Não fui do governo da Dilma e não concordei com o processo de afastamento. Nada me impede de sentar para defender os interesses da cidade, essa é a minha obrigação republicana. Um prefeito não pode impedir o que a cidade tem que receber, e para isso eu não preciso mudar de opinião, fingir que não escrevi, fingir que não falei", afirmou Freixo, fazendo críticas indiretas a Crivella.

O senador do PRB, por sua vez, teve que dar satisfação aos jornalistas convidados sobre as especulações de aliança com o ex-governador Anthony Garotinho (PR). Crivella voltou a negar e disse que a indicação de seu vice, o engenheiro Fernando MacDowell, tem outras motivações.

"De novo, a mesma lenga lenga, a mesma ladainha. Quem me deu tempo de TV na propaganda eleitoral foi o PR, não foi o Garotinho, que estava em aliança com Indio da Costa (PSD). Eu escolhi Fernando MacDowell porque ele é um quadro técnico, trabalhou comigo quando fizemos obras públicas, ele se especializou em transporte, foi presidente do Metrô. Não há a menor chance ou interesse, tanto de Garotinho quanto da minha parte, de ele ele participar do meu governo", disse Crivella, repetindo três vezes: "O Garotinho não vai fazer parte do meu governo. De novo, vou repetir".

No último bloco, o candidato do PRB ainda aproveitou a baixa popularidade e a rejeição a Eduardo Paes para lembrar de um episódio ocorrido no último fim de semana, quando o prefeito se deixou fotografar ao lado de um eleitor de Marcelo Freixo, em um evento de cervejas artesanais na Praça Mauá, zona portuária da cidade. Crivella insinuou que PMDB e Paes apoiam Freixo. Na ocasião, Paes teria dito, segundo o eleitor do Psol, que Freixo "é melhor que o bispo".

Nas considerações finais, Crivella se queixou que seu adversário impediu a realização de um debate de propostas. Freixo, por sua vez, disse que gostaria de ter tido a oportunidade de debater mais vezes com o senador e lamentou que o candidato do PRB tenha faltado aos debates da Rede Record e do SBT, impedindo a realização dos encontros.