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Com toda a crise, Santander aumenta em 26% seu lucro no Brasil

País segue sendo o paraíso dos lucros do banco de Ana Botin

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Com toda a crise na economia, o espanhol Santander voltou a liderar ontem a temporada de divulgação de lucros dos bancos no segundo trimestre. O lucro líquido trimestral ficou em R$ 3,025 bilhões, um aumento de 29,55% sobre os R$ 2,335 bilhões do período abril-junho de 2017. No semestre o banco controlado por Ana Botin acumulou lucro líquido de R$ 5,884 bilhões no país, fato comemorado na apresentação do resultado global em Madri. Mais uma vez a filial brasileira respondeu por 26% dos lucros globais da organização. 

No resultado semestral divulgado em euros com a divisão dos resultados em cada área de atuação, o Brasil lidera folgado, contra os 15% da Espanha e os 14% do Reino Unido. Para um lucro semestral global de 3,752 bilhões de euros, a filial brasileira do Santander contribuiu com 1,324 bilhão (26%) dos ganhos, com crescimento de 25% sobre igual período de 2017. Na Espanha, país sede do Santander, os lucros somaram 780 milhões de euros, também com aumento de 25%. O maior incremento foi nos Estados Unidos (54%) impulsionado pelo maior dinamismo da economia na Era Trump. No Reino Unido, devido à queda da libra em função do Brexit, houve baixa de 14% nos lucros em euros (692 milhões).

Devido os bons resultados, à confiança dos mercados globais com a trégua anunciada por Trump à União Europeia e à decisão do banco de suspender o programa de Certificados de Depósito de Ações (BDRs) Nível III na B3, as ações do Santander Brasil lideraram as altas na Bovespa. As units do Santander Brasil subiram 5,26%. Os dados abriram o apetite do investidor por ações de todo o setor. As ações do Bradesco, que divulga seus resultados hoje, subiram 2,46% (ON) e 1,82% (PN). Itaú Unibanco PN valorizou. No final, o Ibovespa fechou com alta de 1,34% aos 80.218,04 pontos, maior nível desde 23 de maio, acumulando ganho de 10,25% em julho. A calma no mercado cambial, ajudou nos negócios com ações. O dólar fechou em R$ 3,7045, queda de 1,05% no dia e 4,42% no mês.

“Somos uma alternativa” 

O Santander atribuiu o bom resultado ao aumento da carteira de empréstimos e à redução dos custos operacionais. Mas a verdade é que as receitas de tarifas cresceram 12,5%, bem acima da inflação acumulada nos 12 meses terminados em junho (na faixa de 3,8%). O presidente da filial brasileira, Sérgio Rial afirmou que o banco tem espaço para melhorar ainda mais a sua rentabilidade: em junho, o indicador que mede o nível de retorno da instituição (ROE, na sigla em inglês) foi a 19,5%, ante 19,1% obtido em março. Otimista, não escondeu os planos de se posicionar atrás do Itaú, desbancando o Bradesco do posto de segundo banco privado do país. Rial disse que o Santander “já é um híbrido de Itaú Unibanco e Bradesco. Somos uma alternativa”. 

Ele confirmou ainda que o Santander mira abrir uma plataforma de investimentos este ano. Não deu, entretanto, detalhes de como será o formato da iniciativa ou se usará, por exemplo, agentes autônomos, como a XP. O banco vai criar 50 agências.

O Santander, segundo levantamento do Banco Central entre os dias 5 e 11 de julho, ainda praticava as mais altas taxas de juros no cheque especial para pessoal físicas: 14,74% ao mês, ou 420.6% ao ano. Para as pessoas jurídicas, o cheque especial corporativo tinha juros mensais de 13,78%, que equivalem a uma taxa anual de 370,66% ao ano. Esses juros astronômicos, comparados ao piso de captação no Brasil, que é a taxa Selic, situada em 6,50% ao ano, não baixaram nem depois que o Banco Central liberou 25% dos depósitos compulsórios. 

O resultado desde aumento de depósitos livres a custo zero é o aumento dos spreads do banco (diferença entre a taxa de captação e de empréstimo). Mas a cobrança de juros altos leva os clientes à asfixia financeira. De acordo com o próprio balanço trimestral divulgado no Brasil, a inadimplência (ou seja, atraso com mais de 90 dias na carteira) caiu ligeiramente de 2,9% no primeiro trimestre para 2,8% no segundo., repetindo a queda na base anual. 

Nas pessoas físicas, o índice de inadimplência pessoa física atingiu 3,8%, contra 3,7% no trimestre anterior. Em 12 meses houve aumento de 0,1 ponto percentual. Já o índice da pessoa jurídica foi a 1,7%, queda de 0,3 p.p. em ambos os períodos de comparação. Nos atrasos de 15 a 90 dias, o banco encerrou junho em 4,2% ante 4,3% ao término de março. O queda foi principalmente na pessoa física, cujo indicador ficou em 5,7% ante 6,0%, na mesma base de comparação. Nas empresas houve piora de 0,2 p. p. no segundo trimestre, para 2,4%.