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Fiesp: famílias pagam R$ 1 trilhão de juros

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Estudo realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) projeta que, comparado ao período de 2012 e 2014, o aumento das margens recordes de juros praticadas pelos bancos brasileiros (entre o que pagam aos aplicadores e o que cobram dos tomadores) vai levar as pessoas físicas a dispender R$ 1,04 trilhão a mais entre 2017 e 2022 nos juros dos empréstimos que contraíram no ano passado. Para o presidente da Fiesp e do Ciesp, Paulo Skaf, “certamente há uma distorção nesse cenário, pois só no ano passado, os bancos brasileiros tiveram lucro maior que a soma das 262 empresas de capital aberto. Sou o presidente da maior entidade empresarial do Brasil, e sou a favor do lucro justo, porém quando se tem uma situação de falta de concorrência, fica evidente o abuso”, frisou Skaf. A entidade destaca não haver dúvida de o spread (a margem financeira) dos bancos brasileiros “é o maior do mundo”. 

A entidade fez uma pesquisa na qual comparou os dados de países que empregam metodologia semelhante à brasileira para o cálculo do spread. Na média, “os países analisados têm spread de 1,5 ponto percentual, contra 21,5 p.p. da média brasileira”, diz a nota da Fiesp. Para a entidade “não há justificativa para a diferença entre o spread brasileiro e o de outros países”, citando que “um dos principais componentes para o cálculo do spread, que é a inadimplência, é menor no Brasil que em outros países. O Brasil ocupa apenas a 66ª lugar no ranking da inadimplência, atrás de países que com spread bem menos elevado, como Itália, Irlanda, Portugal, Rússia e Espanha. “A Itália tem inadimplência 4,4 vezes maior  que a do Brasil, mas o spread brasileiro é quase 20 vezes maior”, explica José Ricardo Roriz Coelho, segundo vice-presidente da Fiesp. A cifra extra de R$ 1,04 trilhão que as pessoas físicas vão pagar nos empréstimos contraídos em 2017, equivale a cinco anos de gastos com Educação e Saúde. 

Em 2017, o Orçamento da União destinou R$ 191,3 bilhões em Educação (R$ 84 bilhões) e Saúde (R$ 114,7 bilhões). Cálculos da Fiesp revelam que, para o spread médio de 2017 ser compatível com os números de 2012/14 (considerando a inadimplência nos períodos) deveria ser de 31,1 pontos percentuais, em vez de 54,6 p.p. atuais. Essa redução de 23,5 p.p. geraria economia de R$ 141,6 bilhões em juros às famílias em 2017, ou seja, 2,2% do PIB. Ou 74% do que foi gasto em Educação e Saúde, ou ainda, reduziriam o comprometimento de renda das famílias com pagamento de juros de 10,1% para 6,7% da, e poderiam ser convertidos em consumo e poupança, impulsionando a recuperação econômica do país.