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'Financial Times': Argentina vai investir US$ 15 bi por ano em xisto

Macri tenta renovar produção em troca de subsídios e concessões trabalhistas

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Matéria publicada nesta quarta-feira (11) pelo Financial Times conta que o presidente Mauricio Macri está empenhado em renovar a produção nas reservas maciças de xisto argentino, após empresas acordarem em investir até 15 bilhões de dólares por ano em troca de menores custos trabalhistas e ampliação dos subsídios estatais. 

Segundo a reportagem o esforço para aumentar o investimento e a produtividade no depósito de xisto Vaca Muerta na Patagônia, que possui a segunda maior reserva de gás de xisto do mundo, é parte da tentativa da Argentina de recuperar a auto-suficiência energética e gerar um boom de xisto.

Times afirma que Macri proclamou uma "nova era" para o setor de energia do país, que vai ver empresas estrangeiras como Chevron, Dow, BP, Shell e Total, bem como a empresa estatal de energia YPF, investir US $ 5 bilhões em 2017, subindo para $ 15 bilhões nos anos subsequentes. Embora tenha sido um exportador líquido de energia, a falta de investimento nos últimos anos viu a produção despencar, deixando a Argentina com um déficit de energia onerosa e uma dependência de importações que colocaram forte pressão sobre as contas fiscais.

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Apesar das vastas reservas de petróleo e gás de xisto e um enorme potencial para produzir energia renovável, o mercado de energia do país está acometido de uma oferta irregular e de uma capacidade reduzida, avalia o Financial Times. Em troca dos compromissos de investimento do setor privado, o governo se comprometeu a permitir que às empresas vendam gás por três vezes o valor do preço internacional.

De acordo com o FT, Macri anunciou também a eliminação de um direito de exportação de 15 anos sobre o petróleo e os produtos petrolíferos. Enquanto isso, os sindicatos concordaram em condições de trabalho mais flexíveis, com altos custos trabalhistas considerados como um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento da Vaca Muerta da Argentina, que é aproximadamente do tamanho da Bélgica.

O governo da província de Neuquén, onde estão localizados vastos depósitos de xisto, também prometeram não aumentar os impostos e melhorar as infra-estruturas de transporte, acrescenta o Financial Times.

O convênio estabelece que o Estado vai garantir um preço mínimo de compra aos produtores de gás. Além da assinatura do acordo, o governo anunciou que não prorrogará os impostos sobre as exportações de hidrocarbonetos, cuja aplicação venceu no sábado passado. 

Outro ponto do acordo foi a extensão do Plano Nacional de Gás, pelo qual se garante um determinado preço de compra às empresas que extraem o gás não convencional, além do preço de transação no mercado argentino.

O ministro argentino de Energia, Juan José Aranguren, sinalizou que “Neuquén vai atrair mais gente para investir”. Ele explicou que o projeto – que, segundo analistas, ainda não conseguiu os investimentos esperados – “já está dando frutos”, pois, entre as 19 concessões outorgadas, “duas passaram da fase piloto e estão em desenvolvimento”. Com o acordo e o apoio de sindicatos, afirmou Aranguren, “esperamos que as outras se desenvolvam no mais tarde no final deste ano”.