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Plano Estratégico da Petrobras tem métricas para aumentar segurança e baixar alavancagem

Companhia quer reduzir taxa de acidentados; Meta financeira é cortar dívida líquida

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A Petrobras anunciou hoje o Plano Estratégico para o período de 2017 a 2021 com dois indicadores principais. A taxa de acidentados registráveis (TAR) – indicador da indústria que mede todos os tipos de acidentes e incidentes ocorridos – deve ser reduzida dos 2,2 por milhão de homens hora em operações da companhia em 2015 para 1,4 em dois anos, chegando a 1 em 2021. 

Já a meta financeira estabelece que a dívida líquida da empresa seja equivalente a 2,5 vezes a sua geração de caixa em 2018. De acordo com o balanço anual de 2015, esse índice alcançava 5,3 vezes. 

 O objetivo de ter duas métricas prioritárias na gestão da Petrobras é garantir avanços significativos nos indicadores de segurança ao mesmo tempo em que se acelera a recuperação financeira da empresa no menor prazo possível. 

"Nos próximos dois anos estaremos concentrados na recuperação da solidez financeira da Petrobras, como uma empresa integrada de energia que tem foco em óleo e gás. No horizonte total dos cincos anos desse planejamento, a nossa proposta é que a empresa tenha sido saneada, tenha padrões de governança e ética inquestionáveis para sustentar uma produção crescente, mas realista, e capaz de investir e se posicionar nos processos de transição por que passa o mercado de energia no mundo", disse o presidente da empresa, Pedro Parente. 

A melhora nos indicadores de acidentes exigirá uma mudança cultural e de foco nas ações de segurança. Para isso, a Petrobras lançará um novo programa, o Compromisso pela Vida, que terá envolvimento direto das lideranças e será baseado num reforço de segurança de processos baseado em risco para garantir a integridade das instalações e sistemas da companhia, assim como um sistema de consequências para desvios de padrões e ações integradas. 

Uma das principais ações para garantir que as metas sejam cumpridas será a adoção de novas ferramentas de gestão e gerenciamento de custos, especialmente o Orçamento Base Zero (OBZ). Por meio desse instrumento, os gastos da empresa serão revistos, mantendo as despesas consideradas essenciais para o negócio e evitando cortes lineares que prejudicam a operação. 

Além disso, as metas de desempenho serão desdobradas até o nível de supervisores, com reuniões mensais de avaliação. A estimativa no Plano Estratégico é de uma redução de 18% em relação à primeira estimativa para esses gastos no período 2017-2021. Essas despesas totalizam US$126 bilhões. O corte é de cerca de R$ 27 bilhões em relação à estimativa inicial 2017-2021. Se a comparação for feita com o plano 2015-2019, que estava em vigor, a redução dos gastos operacionais é de aproximadamente R$ 16 bilhões ou 11%. 

Além disso, o Plano mantém o ritmo intenso de parcerias e desinvestimentos que nos próximos dois anos deverão somar US$ 19,5 bilhões. Esse resultado deve ser atingido por meio de crescentes parcerias estratégicas na área de Exploração e Produção, além de Refino, Transporte, Logística, Distribuição e Comercialização. 

A Petrobras também sairá das atividades de produção de biocombustíveis, distribuição de GLP, produção de fertilizantes e das participações em petroquímica. No segmento de gás, a estratégia é adequar a participação da companhia e, no setor de energia, reorganizar as participações societárias. 

Os investimentos próprios previstos de 2017 a 2021 são de US$ 74,1 bilhões. Esse valor representa uma redução de 25% em relação ao plano anterior. O conjunto de investimentos gerados a partir dos projetos da Petrobras, no entanto, é estimado em US$ 40 bilhões nos próximos dez anos, o que demonstra que apesar do menor volume de investimentos, a companhia alavanca valores significativos por meio de sua atuação.

O segmento de Exploração e Produção absorverá a maior parte dos investimentos próprios da Petrobras, concentrando 82% dos recursos. A área de Refino e Gás Natural receberá 17% do total, enquanto as outras áreas da companhia responderão por 1%. A meta de produção no Brasil de óleo e líquido de gás natural foi fixada em 2,8 milhões de barris por dia (bpd) para 2021, considerando a entrada em operação de 19 sistemas de produção no período de 2010 a 2021. 

A sustentabilidade de curva de produção da empresa vem sendo garantida pela combinação de melhoras crescentes no desempenho operacional e a aplicação de novas tecnologias. O tempo médio para construir um poço marítimo no pré-sal da Bacia de Santos era, em 2010, de aproximadamente 152 dias. Em 2016, esse tempo baixou para 54 dias, numa velocidade três vezes maior em relação a 2010. A economia de recursos obtida com avanços desse tipo assegurou um custo médio de extração abaixo de US$ 8 por barril de óleo equivalente, muito inferior à média da indústria, que oscila em torno de US$ 15/boe.  

Além disso, a alta produtividade dos poços já interligados aos sistemas de produção instalados no pré-sal já chega, por exemplo, a 25 mil barris por dia (bpd) por poço, volume muito acima do que era inicialmente projetado. A carteira de projetos da Petrobras prevê para 2017 o primeiro óleo dos projetos de Tartaruga Verde e Mestiça, no pós-sal da Bacia de Campos, além de Lula Norte e Lula Sul, no pré-sal da Bacia de Santos e do Teste de Longa Duração (TLD) de Libra. No ano seguinte, entrarão em operação Berbigão, Lula Extremo Sul, além de Búzios 1, 2 e 3, todos no pré-sal.

Em 2020, a projeção é a entrada em produção de Búzios 5, Piloto de Libra e Sépia – os três no pré-sal -, além do projeto de Revitalização de Marlim (Módulo 1), no pós-sal da Bacia de Campos. Por fim, em 2021, está previsto o primeiro óleo do projeto de Revitalização de Marlim (Módulo 2) e do projeto integrado Parque das Baleias – ambos na Bacia de Campos -, além de Itapu e Libra 2.

Buscando garantir a geração de valor estabelecida como um dos princípios de sua atuação, a Petrobras seguirá a estratégia de garantir a disciplina do uso de capital e retorno aos acionistas em todos os projetos, com alta confiabilidade e previsibilidade. Também buscará garantir a sustentabilidade da produção de petróleo e gás pela incorporação de volumes já descobertos, mantendo a disciplina no uso de capital. 

No horizonte do plano estratégico 2017/2021, a Petrobras espera ter consolidado sua recuperação financeira, com garantia de produção crescente e capacidade para elevar investimentos. O futuro de mais longo prazo, acredita a estatal, desenha uma companhia com uma trajetória prudente e sustentável, guiada por lógica empresarial e ética, com visão de longo prazo nas áreas financeira, ambiental e social. 

"Será uma das melhores empresas para se trabalhar e onde o mérito é a base de reconhecimento e desenvolvimento. A Petrobras continuará a ser a maior companhia integrada de energia do Brasil, de petróleo e gás e crescente participação de energias alternativas", diz nota da companhia.