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Wall Street no vermelho: desaceleração chinesa e possível alta de juros derrubam índices

Movimento é de aversão ao risco e busca por investimentos mais seguros, afirma analista

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Para os principais índices de ações em Wall Street, a combinação entre fracos dados vindos da economia chinesa e incertezas rondando a política monetária dos Estados Unidos se traduz em aversão ao risco para os investidores. Nesta segunda-feira (28), o noticiário econômico foi negativo nas duas pontas: o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês) da China divulgou que o lucro de suas maiores empresas do setor industrial teve queda de 8,8% em agosto, na comparação com julho, e autoridades do Federal Reserve, o banco central norte-americano, indicaram que o ciclo de alta dos juros da potência deve ter início ainda em 2015. 

De um lado, o desempenho cada vez mais preocupante da China tem impactos diretos no crescimento econômico global e uma desaceleração mais acentuada do que se esperava ocasiona ajustes de preços no mercado. Do outro, a ansiedade em torno da alta nos juros norte-americanos promove uma corrida por investimentos mais seguros, como títulos do Tesouro e renda fixa. "Eu vejo claramente que os investidores estão saindo dos setores mais alavancados e indo para setores mais sensíveis à elevação da taxa", justifica o analista da Clear Corretora Raphael Figueredo.    

De acordo com dados divulgados hoje pelo NBS, a queda no lucro das maiores empresas do setor industrial chinês se acentuou em agosto. Em relação a julho, a retração foi de 8,8%. Na análise anterior, o recuo do indicador havia sido mais modesto, de 2,9%. Com o resultado abaixo do esperado pelo mercado, entrou no radar do mercado a divulgação, na próxima quinta-feira (24), do Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da China. Até lá, analistas esperam postura de cautela por parte dos investidores.

A apreensão quanto ao noticiário norte-americano também ficou maior nesta segunda. Após o presidente do Fed de Nova York, William Dudley, indicar que a taxa básica de juros do país deve subir ainda neste ano, os olhos dos investidores se voltaram para os números do mercado de trabalho fora do setor agrícola nos EUA, que serão divulgados ao fim desta semana, na sexta-feira (25). "Minha expectativa é que nós provavelmente vamos aumentar as taxas mais ao final do ano", afirmou o representante da autoridade monetária.   

Para Figueredo, no entanto, é mais provável que o banco central dos EUA continue adiando a elevação da taxa. "De acordo com a Janet Yellen [presidente do Fed], a preocupação está na inflação e no desemprego, e esses dados vem se mantendo estáveis. Esse processo cabe melhor a partir da reunião de janeiro", opina o economista. Ainda de acordo com ele, a expectativa em torno do aumento dos juros promove uma corrida pela segurança. "Para comprar títulos do Tesouro, que vão rentabilizar mais", explica.

No fechamento do pregão de hoje, o índice Dow Jones Industrial caiu 1,92%, aos 16.001,89 pontos, enquanto o seletivo S&P 500 recuou 2,57%, para 1.881,77 pontos. O composto Nasdaq, por sua vez, recuou 3,04%, aos 4.543,97 pontos. Figueredo lembra que, desde 2009, os índices de Wall Street tinham trajetória de significativa valorização. "Eles vinham em uma performance muito forte, principalmente o S&P 500, não só pela melhora dos indicadores econômicos, mas pelas medidas de incentivo que o banco central norte-americano adotou, as quais se encerraram em outubro passado", contextualiza.

As ADRs (American Depositary Receipt) de empresas brasileiras também seguiram a tendência de queda e despencaram. Os papeis da Vale, que recuaram mais de 7% no Brasil, chegaram a cair 10,18% nos EUA. As ações da Petrobras, que no Ibovespa desceram 5,07% no caso das ordinárias e 5,57% no caso das preferenciais, em Wall Street tiveram desvalorização de 8,82% e 8,75%, respectivamente. 

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