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Fraco desempenho da indústria chinesa provoca venda de ativos no mercado

Bolsas ao redor do mundo caem e dólar sobe; no Brasil, preço do petróleo prejudica Petrobras

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A divulgação de uma pesquisa indicando que o Índice Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) chinês teve desempenho abaixo do esperado fez com que o mercado asiático despencasse nesta sexta-feira (21), desencadeando uma rápida venda de ativos por investidores de todo o mundo – o que analistas chamam de sell-off global.

Segundo dados do PMI, a atividade industrial da China atingiu o patamar de 47,1 na leitura preliminar de agosto, frente aos 47,8 registrados em julho. De acordo com o indicador, leituras abaixo de 50,0 demonstram contração. “Foi o pior desempenho chinês dos últimos seis anos. E acabou refletindo não só na Ásia, mas também na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil”, explica o analista da XP Investimentos Caio Toledo.

No fechamento de hoje, a bolsa de Xangai registrava forte baixa, de 4,27%, enquanto o índice MSCI – que reúne ações da região Ásia-Pacífico, exceto Japão – fechou em queda de 1,96%.

Acompanhando a tendência asiática, bolsas européias também abriram em queda nesta sexta-feira. Além das incertezas que rondam a economia da China, o cenário grego também causa preocupação. Com a renúncia de seu premiê, a Grécia convocou eleições antecipadas e a instabilidade política assusta investidores.    

Na abertura do pregão, o principal índice dos Estados Unidos também seguiu se desvalorizando. Ontem, o Dow Jones havia registrado seu menor nível em 2015 e analistas avaliam que os problemas chineses podem levar o Federal Reserve a adiar a alta dos juros básicos norte-americanos, antes prevista para setembro. “Agora há um receio no mercado de que o FED deixe isso para 2016, uma vez que aumentar seus juros faz com que a moeda chinesa se desvalorize ainda mais”, afirma Toledo. 

No mercado doméstico, a Bovespa também recua. Após zerar suas perdas no final do pregão de ontem (20), a bolsa brasileira volta a ser pressionada pelo baixo desempenho do preço das commodities, que, por sua vez, respondem aos dados chineses. Com novas quedas no preço do petróleo, Petrobras apresenta uma das quedas mais expressivas do mercado nacional. “As notícias chinesas, querendo ou não, terão muitos reflexos em países exportadores como o Brasil”, diz o analista da XP.

Internamente, texto da senadora Gleisi Hoffmann prevendo o aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para 23% também preocupa investidores e influencia desempenho de bancos. A turbulência do cenário político também entra na equação. Ontem, o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção e lavagem de dinheiro e alguns setores do Congresso pressionam por sua renúncia.

“O PMDB anunciando que poderá sair do governo no dia 15 de novembro também é outro ponto. Isso querendo ou não deixa um ponto de interrogação no apoio do partido ao Planalto, fora as possibilidade do Temer deixar a articulação política”, completa Caio Toledo.

Todos esses fatores contribuem para a alta do dólar, que nesta sexta-feira opera na contramão da véspera. Isso reflete um quadro de aversão global ao risco. “A dúvida é sempre vista com certo temor”, sentencia o analista. Hoje, o Banco Central dá continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em setembro. Às 14h36, o dólar era cotado a R$ 3,50, alta de 1,25%.