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Desvalorização do yuan altera dinâmica do mercado

Medida visa o aumento das exportações chinesas e leva a clima de incertezas com alta do dólar

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O mercado financeiro segue agitado nesta terça-feira (11). Apesar do calmo cenário doméstico, com investidores reagindo bem às declarações apaziguadoras do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a China realizou a maior desvalorização de sua moeda em um período de 20 anos. O yuan teve seu preço reduzido em 1,9% para estimular as exportações chinesas e conter a queda da bolsa no país. Como resultado, o dólar voltou a subir e já reverteu o pregão anterior, ultrapassando os R$ 3,50.

A medida chinesa acontece após a divulgação, no último domingo (9), de dados comerciais preocupantes para o país. As exportações da China caíram 8,3% no mês de julho, na comparação com o mesmo período do ano passado. “E como estamos falando de produtos dolarizados, se a China desvaloriza a sua moeda, seu produto fica mais atrativo e o dólar acaba se valorizando frente a todas as moedas emergentes”, explica o estrategista-chefe da XP Investimentos Celson Plácido. 

De acordo com ele, todo o cenário de intervenção chinesa gera incertezas e faz com que os investidores também prefiram a compra da moeda norte-americana. Às 15h15, o dólar chegava a R$3,51, em alta de 1,98%.

Combinada a uma nova queda nos preços do petróleo Brent (que no mesmo horário caía 2,94%, cotado a R$48,93), a desvalorização do yuan também teve reflexos na Petrobras. Os papéis ordinários (PETR3) da empresa caíam 3,18%, enquanto os preferenciais (PETR4) apresentavam perda de 3,92%. De acordo com Plácido, também influencia a queda o fato de grande parte da dívida da estatal estar em dólares e, portanto, sujeita a variações de câmbio como a expressiva alta de hoje.

“A medida da China também teve fortes impactos nas empresas mineradoras, uma vez que o país responde por 50% do consumo de minério de ferro do mundo”, explica o economista da XP. No Ibovespa, a Vale apresentou uma das quedas mais expressivas: às 15h15, os papéis ordinários (Vale3) caíam 4,60% e os preferenciais (Vale5), 5,37%.

No cenário internacional, as principais bolsas também estão em queda. Embora o principal motivo seja a desvalorização do yuan, divulgação de dados negativos acerca da economia alemã ajudam a puxar o mercado para baixo. De acordo com o instituto alemão ZEW, o índice de expectativas econômicas da Alemanha caiu para 25,0 neste mês, frente a 29,7 em julho.

>>> Bovespa tem queda após China desvalorizar moeda

Desvalorização da moeda chinesa também impacta nas bolsas europeias

A desvalorização do yuan também impactou no fechamento das bolsas europeias. As ações de companhias exportadoras da Europa lideraram as perdas nas bolsas da região. O setor de commodities foi o mais atingido, com petróleo e matérias primas enfrentando uma forte pressão de venda.O índice pan-europeu Stoxx 600 caiu 1,55%, para 393,61 pontos. 

Em Londres, o FTSE 100 fechou em baixa de 1,06%, aos 6.664,54 pontos. 

Em Frankfurt, o Dax recuou 2,68%, para 11.293,65 pontos, enquanto em Paris o CAC 40 caiu 1,86%, para 5.099,03 pontos. 

Em Madri, o Ibex 35 fechou em baixa de 1,41%, para 11.152,30 pontos.

Na contramão, em Atenas, o índice ASE subiu 2,14% e fechou com 705,00 pontos, depois que o governo grego anunciou que alcançou um acordo com seus credores internacionais para assegurar um novo pacote de ajuda financeira. 

Bolsas americanas também têm queda

O mercado americano também opera em queda nesta terça-feira. O índice Dow Jones tem desvalorização de 1,25%, aos 17.395 pontos.Já a Nasdaq cai 1,53%, a 5.024 pontos