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Financial Times: "O efeito Marina"

Artigo analisa a influência da candidatura de Marina Silva no mercado de ações brasileiro

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Em artigo desta sexta-feira (5), o Financial Times analisa a influencia das eleições nos mercados de países emergentes, afirmando que as situações tem sido “gentis” com suas economias. Como nas votações da Índia e da Indonésia, que elegeram Narendra Mondi e Joko Widodo, respectivamente, e influenciaram positivamente a economia de cada país.

Assim como, segundo o jornal, a economia brasileira mostra certo otimismo, cada vez que a candidata Marina Silva cresce nas pesquisas de intenções de voto. Desde que a ambientalista entrou na corrida presidencial, os mercados de ações e títulos se uniram na esperança de um fim da intervenção do estado na economia brasileira que, segundo o Financial, “teve um dos piores desempenhos da região”.

O índice do Bovespa foi divulgado nesta semana e atingiu um dos maiores níveis, desde 2013, depois que as pesquisas de intenções de voto sugeriram que Marina poderia vencer a atual presidente, Dilma Roussef, em um primeiro turno. O rendimento de referência do dólar no país caiu 17 pontos desde o meado de agosto e, na quarta-feira, o Tesouro foi capaz de aumentar a venda da dívida em dólares.

Segundo o Financial, os investidores tem, há muito tempo, uma tendência em defender qualquer alternativa a presidente Dilma Roussef. No entanto, o entusiasmo atual se deu devido a divulgação do programa de governo de Marina Silva, classificado pelo jornal como “amigável ao mercado”. O programa sugere que ela vai adotar políticas econômicas mais ortodoxas e dar mais independência ao Banco Central na tarefa de combater a inflação.

Em entrevista para o Financial, Tony Volpon, analista da Nomura afirmou que o Brasil pode ter um novo presidente com um mandato forte por mudanças. Mas, aparentemente, a equação dos investidores é menos simples. Desde o embate entre o mercado e o governo no ano passado, quando as autoridades brasileiras foram obrigadas a intervir para defender o Real e o Banco Central interviu para estabilizar a moeda através de um programa de swaps.

Devido a isso os operadores de cambio aprenderam entender as pistas do Banco Central, que nos últimos meses tem ajustado os valores dos swaps no fim de cada mês, deixando a moeda mais forte ou mais fraca, sempre deixando o Real no valor de 2,20 – 2,30 dólares. E, segundo o jornal, isso explica em parte a subida do Real, desde meados de agosto, ter sido cerca de 1,5% em relação ao dólar.

Ilan Solot, estrategista da Brown Brothers Harriman, acha que o Banco Central vai parar qualquer volatilidade da moeda durante o período que antecede a eleição. Segundo o Financial, muitos analistas acreditam que o Real irá subir ainda mais numa possível vitória de Marina Silva, impulsionado pelos possíveis fortes investimentos estrangeiros. No entanto, o Banco Central pode tirar seu apoio à moeda brasileira no ano que vem, algo muito apoiado pela oposição. O programa político de Marina promete uma moeda de livre flutuação com apenas pequenas intervenções em casos de volatilidade. Seu assessor econômico deixa margem a interpretação ao afirmar que seria desejável uma moeda mais fraca.

O jornal destaca ainda que alguns fundamentos econômicos podem pesar para a moeda brasileira, já que alguns dados sugerem que a economia ainda pode mergulhar mais ainda na recessão que se iniciou do inicio do ano. O que, segundo o Financial, levou o Banco Central a manter as taxas de juros inalteradas em 11% esta semana, apesar da inflação elevada.

O déficit do Brasil, que deixou a economia do país vulnerável, continua a ser relativamente grande e “a euforia da eleição pode não ser suficiente para proteger o real a partir de um amplo crescimento do dólar, como os investidores antecipam a primeira subida das taxas de juros nos Estados Unidos”, afirma o artigo do financial. “As únicas economias que estão com o desempenho pior são a Argentina e a Venezuela”, afirmou David Rees, analista da consultoria Capital Economics, para o Financial Times.

Mesmo assim os investidores seguiram migrando seus negócios para o Brasil, aproveitando as altas taxas de juros. No entanto, a vitória de Marina pode se revelar uma decepção. Aqueles que continuam otimistas sobre o real tendem a ser aposta no contra seus pares regionais, como o peso mexicano ou colombiano, em vez de em relação ao dólar.

Contudo, alguns especialistas continuam otimistas frente a uma possível vitória de Marina Silva, já que as pesquisas de intenções de voto tem sido capaz de melhorar os números de ações e títulos na economia "Não devemos subestimar o desejo da equipe do banco central atual para reservar um bom ganho no programa de swaps. A melhor maneira de fazer isso é permitir que o real suba”, conclui Volpon para o Financial Times.