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Argentina e fundos não chegam a acordo, e país pode dar calote

Agência de risco já rebaixou a nota do país

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O ministro da Economia da Argentina, Axel Kicillof, disse na noite desta quarta-feira que somente os fundos abutres podem levantar a sentença de pagamento, "mas não estão dispostos a fazer isso", confirmando um default técnico do país. "Não vamos assinar nenhum compromisso que comprometa o futuro dos argentinos", apontou, acrescentando que "vamos buscar uma solução justa, sustentável e legal". 

O mediador das negociações, Daniel Pollack, afirmou que "nenhum acordo foi alcançado". De acordo com o ministro, a Argentina apresentou uma oferta para que os abutres sejam pagos nas mesmas condições que aqueles que aceitaram a reestruturação da dívida. "Os fundos abutres não aceitaram nossa oferta, querem algo impossível" para o país, apontou. 

O governo de Buenos Aires considera injusto pagar o valor total a essa parcela dos acionistas, sendo que as demais pessoas vêm recebendo valores renegociados em 2005 e 2010, cuja aceitação ultrapassou 93%, até 70% menor que o original. 

"É difícil pensar que um país que pode pagar não está em condições de realizar pagamentos", disse, em coletiva de imprensa no Consulado da Argentina em Nova York. Como Buenos Aires não conseguiu pagar os abutres, também conhecidos como holdouts, ou ao menos entrar em um acordo, o país entra em moratória técnica - quando tem fundos para pagar a dívida, mas por alguma razão é impedido. Ele, no entanto, disse que a Argentina não pode respeitar a sentença norte-americana e que "tem dinheiro e vai continuar pagando, porque quer fazer isso e está disposta", referindo-se aos títulos renegociados.

S&P rebaixa nota da Argentina

A agência de classificação de risco Standard and Poor's rebaixou a nota da Argentina nesta quarta-feira (30), de -CCC para C, ao considerar que o país já deu calote técnico. A perspectiva da nota é negativa, o que indica que pode haver outros cortes.

No entanto, a S&P diz que considera "default" tanto a falta de pagamento de serviços da dívida (os juros) na data estipulada quanto uma oferta de pagamento que seja menos favorável do que a que deveria estar sendo paga.

A nota de risco influencia no custo dos empréstimos que o país fará no mercado, ou seja, com a redução, tende a ficar mais caro para o país pedir empréstimos.