O Mercosul deveria se restringir a uma zona de livre comércio e deixar de lado as restrições impostas atualmente a seus membros que só podem firmar acordos em conjunto com outros países ou outros blocos econômicos. A opinião é o do ex-ministro Delfim Neto que classifica o tratado entre Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai (suspenso) e Venezuela como um “acordo extravagante”. “No início, o Mercosul foi de grande importância para diminuir a desconfiança que havia entre os governos brasileiro e argentino, mas agora não faz mais sentido”, afirma Delfim.
Para o ex-ministro, o Brasil precisa ficar atento aos acordos que estão sendo feitos entre diversos países e, principalmente, para o que está em vias de se concretizar dos Estados Unidos com a União Europeia. Segundo Delfim, os americanos estão se recuperando mais depressa do que outros países, além de possuir grande potencial de inovação e crédito. Passa ainda por uma revolução energética com a viabilidade do uso de gás de xisto e vem melhorando muito seu déficit público com perspectivas de melhora da dívida pública.
A Europa, por sua vez, destaca Delfim, está ocorrendo uma queda de seus déficits fiscais e os déficits em conta correntes de alguns países que até pouco tempo se encontravam extremamente endividados, também estão em queda. “São sinais de que a recuperação está em curso”, afirma o ex-ministro que a ampla integração entre as duas economias terá um impacto forte sobre as relações comerciais e financeiras mundiais. Ele destaca ainda que, em outra frente, os Estados Unidos estão firmando acordos com países do Pacífico, exceto a China, mas inclusive países latino americanos na Costa do Pacífico.
“Nós, aqui no Atlântico Sul, estamos ficando isolados, ficando de fora de todos esses acordos e esse processo precisa ser repensado porque terá consequências”, diz Delfim. Para ele, é preciso se repensar o Mercosul e o melhor seria transformar esse acordo numa zona de livre comércio e cada país membro tratar individualmente de seus interesses. Hoje, afirma o ex-ministro, o Mercosul tem mais inconvenientes do que vantagens para todos que integram esse tratado.