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Banco Central não surpreende e reduz Selic em 0,5 ponto

Taxa básica de juros atinge novo patamar histórico de 8%

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Confirmando as perspectivas do mercado, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC) reduziu em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros da economia, que atingiu o patamar histórico de 8%. O anúncio foi feito na noite desta quarta-feira, 11.

O número sinaliza "uma continuidade" na política monetária do governo, afirma o economista Pedro Rossi, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Segundo ele, o objetivo da redução é "tornar a nossa taxa mais adequada no cenário de crise econômica, alta volatilidade e liquidez". 

Além disso, a diminuição consecutiva da Selic demarca uma mudança estrutural "muito importante" para a economia brasileira, analisou Rossi.

"A crise é grave, muito séria, mas nos trouxe a oportunidade de reduzir os juros básicos, que é algo fundamental para que o Brasil possa crescer de forma estruturada a longo prazo e enfrentar melhor estas turbulências", comenta. 

Em uma momento de desaceleração do PIB (Produto Interno Bruto) e enfraquecimento dos índices da indústria e do comércio, este novo patamar contribui para o aumento nos investimentos, "única solução para afugentar a crise", opina. Segundo ele, apenas com a elevação dos gastos públicos haverá "o circuito de renda necessário" para a retomada de crescimento das indústrias nacionais.

"Se o governo começa a construir uma estrada, por exemplo, isso gera empregos, que por sua vez leva ao consumo de serviços e produtos. É aí que a iniciativa privada entra, produzindo", exemplifica. Neste contexto, os juros são elemento secundário para a retomada. "A redução da Selic é fundamental para o país, mas neste momento ela pode ter influência nula. Não adianta reduzir os empréstimos apenas. Uma empresa só vai investir quando ver um cenário positivo a frente", comenta. 

Câmbio

Um dos principais alvos na redução da Selic é combater a valorização do real, que também tem prejudicado a indústria nacional. Com o dólar enfraquecido, os produtos perdem competitividade, dentro e fora do país. Para o economista Pedro Paulo Silveira, da TOV Corretora, este deverá ser o único impacto positivo do corte.

"Eu acho que o corte nos juros é positivo de maneira geral para a economia, mas mostra como estamos sofrendo com a crise, como a economia está desacelerada. A taxa de câmbio deverá ser a grande impactada pelos juros, não acho que nenhum outro setor será afetado", comenta.

Crise Econômica atinge vendas no varejo

Um dos últimos setores da economia que parecia imune à crise econômica mundial finalmente foi atingido. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também divulgados nesta quarta, mostraram variação negativa de 0,8% no índice em maio na comparação com abril. É a maior queda desde novembro de 2008. Em relação ao mesmo mês do ano passado, as vendas ainda acumulam alta de 8,2%.