A baixa oferta de moradias do setor privado a preços acessíveis faz com que 60% das famílias da cidade de São Paulo enfrentem pelo menos uma dificuldade para comprar a casa própria, de acordo com pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sobre habitação que analisou 41 cidades na América Latina.
A capital paulista está em situação semelhante a Caracas, capital da Venezuela, e Buenos Aires, capital da Argentina.
Cerca de 50% de todas as famílias das 41 maiores cidades da América Latina não tem recursos para comprar a casa própria, de acordo com estudo. Em cidades como Bogotá, Cidade do Panamá, San José e Valparaíso, três em dez famílias enfrentam pelo menos um tipo de dificuldade de acesso.
A moradia formal mais barata oferecida pelo setor privado na região custava em média US$ 24 mil em 2010, e uma família média local necessitaria do equivalente a 21 meses de renda total para comprar o imóvel. No entanto, em Caracas e Buenos Aires, por exemplo, os preços são muito altos em comparação com o nível de renda e as famílias nessas cidades precisam do equivalente a, respectivamente, 31 meses e 45 meses de renda para conseguir comprar uma casa, diz a publicação.
Conforme o estudo, a situação é crítica em cidades como Santa Cruz, La Paz, Lima, Santo Domingo, San Pedro Sula e Manágua. Nesses locais, dois terços das famílias (cerca de 66%) não tem como comprar uma moradia decente, diz a pesquisa. para a pesquisa, na maior parte dos casos, o maio obstáculo, é a renda insuficiente, mas há também a dificuldade de documentar a renda e uma baixa oferta de moradias adequadas de baixo custo.
Conforme o economista do BID, César Bouillon, que coordenou o estudo, um número significativo de famílias na região não consegue participar do mercado formal de habitação devido a baixa renda, desenvolvimento inadequado do uso do solo, crédito limitado e investimento insuficiente em moradias a preços acessíveis. Ele completa ainda que há uma enorme demanda de habitações formais a preços acessíveis destinadas às classes mais baixas, setor considerado pouco servido pelo mercado habitacional e pelos programas governamentais.