Todos os dias, os noticiários econômicos, tanto nacionais quanto internacionais, apresentam os resultados das bolsas de valores ao redor do mundo, e uma variável é fixa nas oscilações: a economia grega. Nesta semana, os políticos do país aprovaram uma série de medidas de austeridade para a obtenção de um resgate de 130 bilhões de euros dos países do Bloco Europeu. No entanto, o que preocupa os investidores não é a crise da Grécia em si, mas o seu possível alastramento a economias maiores que fazem parte da União Europeia, como Itália e Espanha. O mercado também está atento ao efeito deste empréstimo que, considera-se, não é suficiente para solucionar a situação do país no longo prazo.
As medidas de arrocho econômico foram exigidas pela Troika, grupo de negociadores formado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e a União Europeia. O anúncio do acordo ocorreu na madrugada desta terça-feira (21) e confirma o acesso ao empréstimo. Nesta quinta (23), o parlamento grego acertou, em caráter de urgência, o projeto de lei que define as modalidades para o perdão de 107 bilhões de euros da dívida com bancos privados. A primeira parcela deverá ser paga no dia 20 de março, num valor de 14,5 bilhões de euros.
Contudo, essa estratégia não será suficiente para sanar os problemas econômicos da Grécia. Segundo o estrategista de Varejo da Bradesco Corretora e da Ágora, José Francisco Cataldo, o resgate tem caráter imediatista, sendo necessário atentar às medidas de austeridade e o seu cumprimento.
"Esse pacote (de resgate econômico de 130 bilhões de euros) dá uma certa folga aos mercados no curto prazo, mas se se as medidas de austeridade não forem levadas à frente, conforme foi combinado, pode ter consequências negativas no longo prazo", disse Cataldo.
O estrategista também relembrou que a preocupação dos mercados é com a possível contaminação das economias do bloco europeu por conta da crise na Grécia. Ele afirmou que, nesta semana, os mercados fecharam seus pregões próximos à estabilidade, com leves quedas. Cataldo analisou que o anúncio do empréstimo não teve um impacto tão evidente nas bolsas porque ele já havia sido precificado.
De acordo com Cataldo, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) atraiu bastante investimento estrangeiro, por isso, está sendo impactada pela crise. A Bovespa acumula valorização de 16,45% em 2012, mas em relação aos últimos 12 meses ainda registra queda de 0,52%.
Para o superintendente da Fator Corretora, Alfredo Sequeira, a bolsa brasileira deve retomar seu crescimento. “Acredito que o investidor está esperando o ano “começar” com o fim do carnaval”, ponderou. “Mas acho que o mercado deve recuperar sua trajetória de valorização nesta semana e na próxima”.
Apuração: Luciano Pádua