Natália Pacheco, Jornal do Brasil
BRASÍLIA - O saldo da balança comercial brasileira apresentou superávit (diferença entre os valores exportados e importados) de US$ 894 milhões na terceira semana de julho (13 a 19), segundo dados divulgados nesta segunda-feira pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O montante representa a diferença entre US$ 3,339 bilhões em exportações (média diária de US$ 667,8 milhões) e US$ 2,445 bilhões em importações (US$ 489 milhões por dia). A corrente de comércio somou US$ 5,784 bilhões no período (média diária de US$ 1,157 bilhão).
Mais uma vez, as commodities seguraram o fluxo positivo da balança brasileira. Apesar da queda dos preços das principais matérias-primas que o país exporta, como soja e minério de ferro, há demanda constante pelos produtos.
O economista da Guedes & Pinheiro Consultoria Internacional, José Ricardo Bernardo, explica que o mercado continua consumindo as commodities, mesmo que seja numa proporção menor do que a verificada antes do advento da turbulência econômica mundial.
Mesmo com o esforço do governo em diversificar a pauta de exportações do Brasil, as matérias primas ainda dominam a agenda ressaltou.
O reajuste dos preços das commodities provocou queda das exportações, mas as importações caíram em uma proporção maior. O vice presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, destaca que o Brasil importa produtos manufaturados (máquinas e peças), um dos setores mais atingidos pela crise.
Com a indústria em dificuldade, não há razão para comprar maquinário. Ou seja, a redução da importação desses produtos quer dizer redução de investimentos no setor e consequentemente desemprego salientou Castro.
Queda do superávit
O otimismo com a balança positiva, porém, deve durar pouco. O vice-presidente da AEB prevê que as exportações de matérias primas vão cair no segundo trimestre justamente em função dos preços mais baratos nos primeiros seis meses deste ano.
Os compradores anteciparam os embarques de commodities para aproveitar as baixas cotações. Conclusão: as encomendas para o segundo semestre serão bem menores, pois o mercado fez um estoque afirma.
Para reverter esse quadro, o governo precisa melhorar o relacionamento com as micro, pequenas e médias empresas para criar uma legislação para consórcio de exportação, explica o professor de Comércio Exterior da Fundação Getúlio Vargas, Nelson Ludovico.
O especialista explica que é preciso despertar o interesse desses empresários, cuja cultura é só pensar nas vendas externas quando o mercado do país está em baixa.
Além de diversificar as exportações, a concorrência com companhias estrangeiras vai aumentar e o Brasil tem que se preparar para os concorrentes internacionais que já descobriram o nosso mercado disse.
Ainda assim, o economista da Guedes & Pinheiro, José Ricardo Bernardo, acredita que a balança comercial brasileira deste ano será semelhante ao do ano passado, em torno dos US$ 25 bilhões.
Com a recuperação da economia, as exportações vão aumentar no segundo semestre diz.
No acumulado de julho, as exportações brasileiras caíram 30% em relação ao volume verificado em julho de 2008 (US$ 889,2 milhões) e as importações registraram média diária de US$ 456,7 milhões, valor 38,7% menor ao de julho do ano passado (US$ 744,4 milhões).