Luisa Girão, Jornal do Brasil
RIO - O consumo médio de água no Rio de Janeiro é de 226 litros/habitante/dia, enquanto a ONU recomenda um limite de 110 litros/habitante/dia. Uma das formas mais eficientes para diminuir o desperdício é a medição individualizada de água, que pode proporcionar economia de até 40%. Atentos aos benefícios, condomínios do Rio já começam a adotar o sistema que, além de econômico, torna mais justo o rateio dos custos dos moradores com água.
Eduardo Felipe de Oliveira, especialista em recursos hídricos da Agência Nacional de Águas (ANA), explica que a instalação de hidrômetros individuais nos condomínios partiu de uma demanda da sociedade, cansada de pagar pelo consumo dos outros.
A forma pelo qual se paga a água é injusta, pois os condomínios pegam o consumo total e dividem pelo número de apartamentos. Uma pessoa que mora sozinha não consome a mesma quantidade de uma família de quatro pessoas compara.
O especialista afirma que 160 mil prédios em todo o Brasil já adotaram o hidrômetro individual e que sua instalação garante uma redução de 20% da conta de água.
A medição individualizada de água permite não só que o condômino pague pelo que ele realmente consome, como também uma maior facilidade para detectar um vazamento. Também reduz o consumo de energia e o valor da conta, além de mitigar os riscos de corte de água pela redução da inadimplência enumera Oliveira.
Já Leonardo Schneider, vice-presidente de assuntos condominiais do Sindicato de Habitação do Rio de Janeiro (Secovi Rio) considera positiva a adoção dos hidrômetros individuais, porque, além de economizar água, beneficia o meio ambiente ao acarretar redução de 30% a 40% nas contas.
Novos prédios já aderiram
Schneider conta que algumas das construções já têm instalado hidrômetros individuais porque se torna um diferencial. Já os antigos necessitam de uma obra e isto faz com que o custo fique mais caro.
Algumas empresas têm interesse em instalar os hidrômetros individuais, não cobrando nada para a instalação. O problema é para as construções antigas, onde custo é de mais ou menos R$ 600 diz.
Presidente da Construtora Calçada, João Paulo Matos revela que todos os empreendimentos da construtora já foram entregues com a infraestrutura pronta para a instalação dos medidores individuais.
O diretor de Planejamento da Concal, Sérgio Caldas, conta que optou por outra ferramenta para reduzir o consumo de água em um de seus projetos:
No caso do Quinta do Conde, as despesas com a água utilizada nas áreas comuns do condomínio também serão menores devido à instalação de sistema de reaproveitamento de água da chuva ressalta.
Empresas
Diante da demanda, a Actaris, fabricante dos medidores, espera aumentar em 340% a quantidade de sistemas de Medição Individualizada de Água batizados de ContaJusta vendidos para os condomínios verticais e horizontais. Diretor da América Latina da Actaris, Samuel Lee vê a crise como um bom momento.
O potencial é muito grande. Na crise sempre surgem oportunidades. Por isso queremos instalar mais 3 mil pontos do ContaJusta no Rio de Janeiro projeta.
Lee conta que a empresa não atua mais na área de adaptação predial porque os valores são muito caros.
A instalação de hidrômetros individuais em prédios novos variam de R$ 400 a 500. Já uma adaptação custava R$ 2,5 mil. O preço desestimula afirma.
Gerente comercial da Ista, Isabel Barbosa diz que, quando se individualiza o consumo, a pessoa percebe o real consumo. O ideal, de acordo com Isabel, é que a conta represente 15% dos gastos.
Em um prédio na Lagoa, instalamos os hidrômetros individuais em 14 apartamentos. Em 60% houve redução significativa na conta de água. Já nos outros 40%, a conta triplicou conta.
Barbosa explica que a Cedae cobra água em escala. A primeira e a segunda tarifas são pagantes. Depois disso, são aplicadas punições.
A maioria dos prédios começam a economizar 25 a 30%. No entanto, há lugares que não há possibilidade de instalar a hidrômetração individual. Por exemplo, lugares com tubulação de ferro e válvulas embutidas afirma.
Para ocorrer a instalação é necessário uma assembléia no prédio. Nesse caso, será preciso quórum de 2/3 dos condôminos porque haverá alteração no rateio das contas. A despesa vai deixar de ser ordinária para ser cobrada de acordo com o consumo de cada unidade. Cada apartamento recebe, assim, um relatório individualizado.