Jornal do Brasil
BRASÍLIA - O Tribunal Regional do Trabalho de Campinas (TRT) decidiu nesta sexta-feira suspender as demissões de mais de 4 mil funcionários da Embraer até 5 de março, quando ocorrerá uma reunião da empresa com trabalhadores para se tentar um acordo. A Embraer anunciou corte de 20% de sua força de trabalho, cerca de 4.200 funcionários, na semana passada, ao justificar que a crise internacional pesou sobre as encomendas de aeronaves.
O presidente da companhia, Frederico Curado, reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esta semana, quando manteve as demissões e afirmou que houve uma queda de 30% nas encomendas até 2012 por cancelamentos ou adiamentos de contratos.
A suspensão das demissões ocorreu após pedido de liminar pelos sindicatos de metalúrgicos de São José dos Campos e Região e de Botucatu, em São Paulo.
Em nota, o sindicato de São José dos Campos afirma que a companhia não estabeleceu nenhum tipo de negociação antes de oficializar a demissão em massa .
Se um acordo não for alcançado na audiência de conciliação de 5 de março, o caso vai para a seção de dissídios coletivos do tribunal, onde será julgado por uma junta de 12 desembargadores, informou a assessoria de imprensa do tribunal.
A decisão sobre a continuidade das suspensões durante o julgamento dependerá de decisão de juiz na audiência da próxima semana.
A Embraer informou que ainda nesta sexta entraria com recurso junto ao Tribunal Regional do Trabalho para tentar cassar a liminar que suspendeu as demissões. A empresa justificou que realizou as demissões rigorosamente de acordo com todos os preceitos e normas legais existentes e reafirmou que o corte de cerca de 4.200 funcionários não será revisto:
A Embraer reitera seu profundo respeito aos funcionários que tiveram seus contratos de trabalho rescindidos, mas novamente enfatiza a necessidade de se ajustar à drástica redução de demanda por aeronaves em todo o mundo . Ainda de acordo com a Embraer, a decisão de sexta não acarreta a reintegração dos empregados.
Esforço da prefeitura
Para reduzir o impacto das demissões sobre a economia da região, a prefeitura de São José dos Campos anunciou, no início da semana, que deverá promover um recadastramento dos dispensados. Dessa forma, vai tentar promover um amplo programa emergencial de recolocação profissional para os mais prejudicados, com foco em conceitos de empreendedorismo. A intenção é estimular a adaptação dos profissionais a uma nova realidade, na qual terão que buscar negócios próprios.
Informações preliminares dão conta de que 1147 dos demitidos se enquadram na faixa dos 25 aos 35 anos. Do total de dispensados, 233 são engenheiros e 1826 eram operários da linha de produção. A empresa se comprometeu com o prefeito Eduardo Cury a entregar uma listagem com os dados necessários para auxiliar no esforço.
A direção da Embraer também se comprometeu junto à prefeitura em recontratar os demitidos da cidade assim que superar o momento de crise. Cerca de 1,3 mil demitidos trabalhavam na fábrica de São José, mas residiam na região, em cidades do Vale do Paraíba e em São Paulo.
Nós estamos criando vagas em outros setores na economia local para ver se conseguimos abrigar parte desta mão-de-obra altamente qualificada afirmou Cury, que já isentou os demitidos do pagamento de IPTU. Vou conversar pessoalmente com as empresas do nosso polo industrial para estabelecermos essa parceria.