Ludmilla Totinick, JB Online
RIO - Você sabia que os computadores velhos, celulares e aparelhos eletroeletrônicos jogados no lixo valem ouro? Como a maior parte dessas peças contém metais preciosos, inclusive ouro, a sucata eletrônica tornou-se um mercado valioso, que já cresce 30% ao ano.
Toneladas de monitores, placas-mãe, componentes de computadores, aparelhos celulares e eletroeletrônicos lotam os galpões das usinas de reciclagem do país. O volume nos últimos anos aumentou significativamente, tanto que a Oxil, empresa especializada em reciclagem de metais e plásticos, pretende abrir em 2009 mais três filiais no Brasil, provavelmente nas regiões Norte, Nordeste e Sul do país.
Com sede em Paulínia (SP), já tem mais de 55 clientes, todas empresas. A cada mês, de cinco a 10 empresas se juntam ao rol de clientes da Oxil.
De acordo com Akiko Ribeiro, diretora-executiva da Oxil, o crescimento entre o ano passado e 2008 foi de 30%. Para 2009, a expectativa é de que o número aumente ainda mais devido ao crescimento da preocupação com o meio ambiente.
O material reciclado é vendido para grandes empresas. Akiko não quis revelar os ganhos, mas o preço da sucata varia de acordo com o equipamento. O preço por tonelada de placas de computador e celulares, por exemplo, é de R$ 4 mil. A matéria-prima triturada é vendida por R$ 7 mil.
Para reciclar um computador velho é preciso desembolsar R$ 2,50 por quilo de sucata. A empresa separa os materiais pesados e plástico dos equipamentos. Cerca de 85% do material de um computador vira commodity e volta para o mercado. O resto é tratado e enviado a aterros sanitários. O volume de reciclagem da Oxil neste ano é de aproximadamente 1.700 toneladas.
Crescimento
De acordo com especialistas do setor, o grande problema ainda é o processo de reciclagem que não é realizado por completo no Brasil devido à falta de tecnologia. A extração dos metais preciosos é realizada em empresas da Bélgica, Alemanha, Cingapura, China e Estados Unidos. Com isso, o Brasil deixa de participar da mais rentável etapa deste garimpo.
É o caso da Cimelia Reciclagem, como admite Ana Claúdia Drigovutch, diretora-executiva da empresa de reciclagem, que envia o pó processado com os metais preciosos por navio para serem extraídos em Cingapura, sede da empresa.
O Brasil perde, pois toda a matéria-prima fica no mercado asiático desabafa. Mas, infelizmente, o governo brasileiro não oferece nenhum tipo de apoio para o setor.
A falta de investimentos e de leis específicas acabam beneficiando outros países, que têm maquinário para extrair os metais preciosos. Para Ana Cláudia, esses fatores impedem a extração de metais nobres da sucata eletrônica no Brasil.
É muita falta de organização. A Cimelia é considerada uma das melhores do setor, uma das maiores do mercado asiático. Até hoje temos o registro de ferro-velho no Brasil reclama. O nosso trabalho ainda não é levado a sério aqui.
A empresa fecha acordos com empresas no mundo inteiro. Um deles foi com a Dell, que permite o direito de exclusividade sobre o recolhimento e a destruição de todos os equipamentos da marca.
O objetivo é descaracterizar a máquina para que ela não seja vendida no mercado paralelo explica. Todas são recolhidas e levadas para a usina de reciclagem. Para isso, precisamos ter boa logística em todos os lugares.
Apesar de todos os empecilhos, a empresa estuda a possibilidade de realizar o processo no Brasil. Para isso, mantém projetos e pesquisas em andamento em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A Sucata Eletrônica, microempresa há pouco tempo no mercado, com sede na Freguesia do Ó, em São Paulo, já faz previsões para os próximos três anos. Atualmente, coleta de três a quatro toneladas por mês, mas quer chegar a 30 toneladas mensais daqui a três anos. Paga entre R$ 600 e R$ 1.500 pela tonelada de placa de computador. A reciclagem é terceirizada.