ECONOMIA

‘New York Times’ faz cronologia do fracasso do tarifaço de Trump contra o Brasil de Lula

Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
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Publicado em 20/11/2025 às 21:13

Alterado em 20/11/2025 às 21:13

Sede do 'The New York Times' Foto: Haxor Joe

O “New York Times” fez um histórico das retaliações tarifárias do governo Trump contra o Brasil, com ameaças de elevar em 40% as tarifas adicionais às exportações brasileiras (já taxadas em 10%) aplicadas a partir de 6 de agosto se o governo Lula não suspendesse o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

As tarifas foram retiradas (voltando a 10%) com data retroativa a 13 de novembro, por instrução do presidente Trump uma série de produtos agrícolas brasileiros, cujos preços ficaram mais caros para o consumidor americano, caso do café, da carne bovina, tomate, café, banana, açaí entre outros. Mas a ordem executiva não fez qualquer menção a Bolsonaro.

Como se sabe, a pressão de Trump contra o governo brasileiro, por indução do filho 03, o deputado licenciado, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não impediu a condenação de Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão, em 14 de novembro, quando o Supremo Tribunal Federal, rejeitou as alegações da defesa.

Desde setembro, quando trocou palavras com Lula no corredor da ONU que dá acesso ao púlpito onde o presidente brasileiro discursou antes do americano, os dois países iniciaram conversas que selaram a revogação das tarifas no encontro, em Washington, em 13 de novembro, entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado, Marco Rubio.

Mas entre as sanções e os tarifaços extras contra os produtos brasileiros, que são deficitários no comércio dos Estados Unidos – ao contrário do que alegava o governo americano – e a revogação, pesaram as reclamações dos consumidores, que ficaram explícitas na forte derrota eleitoral dos republicanos para os democratas na primeira semana de novembro.

Antes mesmo da eleição em alguns estados e prefeituras, em 28 de outubro, com algum apoio republicano, o Senado votou pelo fim das tarifas de Trump contra o Brasil. Segundo o NYT, um pequeno grupo de republicanos cruzou as linhas partidárias para se aliar aos democratas na primeira de várias votações desta semana com o objetivo de contestar a guerra comercial do presidente.

Preços altos derrubam tarifas

Ao analisar o primeiro recuo de Trump que determinou o corte de 10% nas tarifas extras de agosto em 14 de novembro, o NYT deixou claro que a suspensão de “algumas tarifas sobre alimentos foi um esforço para aliviar os preços”. O governo está revogando as taxas de importação, incluindo carne bovina e café, o que, segundo críticos, é uma admissão de que as tarifas aumentaram os preços em primeiro lugar. O recuo total foi a admissão do erro.

O “Times” diz que “embora o presidente Trump tenha feito campanha para reduzir o preço dos mantimentos, preocupações com a possibilidade de acessibilidade ajudaram a impulsionar os democratas a vencer eleições em todo o país na semana passada”.

A cronologia dos equívocos

9 de julho - Trump ameaça tarifas de 50% contra o Brasil, citando "caça às bruxas" contra Bolsonaro. As tensões entre os Estados Unidos e o Brasil explodiram repentinamente. O presidente brasileiro prometeu retaliar as tarifas impostas pelo presidente Trump.

10 de julho - Atacando o Brasil, Trump testa o limite legal de seus poderes tarifários. O presidente sinalizou que buscaria usar a ameaça de taxas elevadas para reorientar o comércio e proteger seus aliados políticos.

13 de julho - Tarifas sobre o Brasil podem causar dor de cabeça aos apreciadores de café. A promessa do presidente Trump de impor uma tarifa de 50% sobre todas as importações da nação sul-americana fará subir os preços do café — e do suco de laranja

21 de julho - Importador de suco de laranja baseado nos EUA processa sobre a tarifa de 50% imposta por Trump sobre produtos brasileiros. Os preços do suco de laranja nos EUA já estão altos. A ação argumenta que a tarifa levaria a aumentos de preços no varejo de até 25%.

30 de julho - Trump intensifica a disputa com o Brasil, atacando sua economia e política. A Casa Branca impôs na quarta-feira ao Brasil uma tarifa de 50% e sanções contra o Ministério Público que supervisiona as investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

31 de julho - Eis o que você precisa saber sobre as tarifas de 50% impostas por Trump ao Brasil. A maior economia da América Latina pode suportar o impacto de uma alta tarifa de importação. Mas os amantes de café americanos e os pecuaristas brasileiros provavelmente sentirão o impacto.

11 de agosto - Trump usa tarifas como uma força na diplomacia, com efeito questionável. O presidente ameaçou mais tarifas sobre a Rússia e seus parceiros comerciais e impôs tarifas severas à Índia e ao Brasil para tentar influenciar questões de guerra e política.

11 de setembro - Sim, seu café da manhã ficou mais caro. Os preços do café subiram quase 21% no último ano, em parte devido às tarifas punitivas impostas pelo presidente Trump ao Brasil e ao Vietnã.

A partir de 14 de setembro, quando Trump e Lula se encontraram na ONU, as negociações começaram.

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