ECONOMIA

Fraudes no sistema financeiro atingiram 26% dos usuários em 2022

Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
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Publicado em 09/10/2025 às 16:55

Alterado em 09/10/2025 às 16:59

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Uma pesquisa realizada em 2023, pelo Banco Central e pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), revela que 26% da população adulta usuária do Sistema Financeiro Nacional (SFN) foram alvos de golpes e fraudes nos dois anos anteriores à pesquisa, conforme a metodologia da Infe/OCDE. Os números colocam os brasileiros em terceiro lugar no “ranking” mundial de golpes no sistema financeiro, só perdendo para as Filipinas e a Costa Rica. A pesquisa não incluiu o Pix.

Com 14%, os cartões de crédito lideram a lista dos golpes contra 10% de golpes eletrônicos, 8% de golpes de investimento e 6% de golpes de informações em 2022. O período da pesquisa coincide com o forte aumento da bancarização da população na pandemia da Covid-19 (2020/2021) para a movimentação, via cartões magnéticos, do Auxílio Emergencial de R$ 300 mensais na fase inicial e R$ 600 a partir de 2022.

Homens, pessoas com renda acima de 5 salários-mínimos, residentes das regiões Sudeste e Centro-Oeste e de áreas urbanas são mais propensos a serem vítimas. O acesso ao sistema financeiro e à internet aumentam a probabilidade de ser alvo de golpes, especialmente relacionados a cartão de crédito, com manipulação do telefone celular, admite a pesquisa.

Detalhes da pesquisa
A edição de 2022 foi aplicada no Brasil entre os meses de março e abril de 2023 e contou com a participação de 2.000 pessoas entre 16 e 79 anos de idade. A amostra era representativa da população brasileira nos quesitos gênero, idade, região e renda, apresentando um nível de confiança de 95% e margem de erro de 2,19%.

Os demais resultados da pesquisa podem ser encontrados no Relatório de Letramento Financeiro publicado pelo BC. Nesse link, também é possível obter os dados brutos da pesquisa, para pesquisadores e instituições que queiram realizar suas próprias investigações. Ressaltamos que a metodologia de amostragem e de coleta de dados utilizada em cada país pode ter sido diferente da brasileira, de forma que não se rejeita a possibilidade de haver vieses nas comparações internacionais.

Embora o foco da pesquisa seja principalmente os níveis de letramento financeiro e inclusão financeira da população, nela há quatro perguntas que verificam se os respondentes foram vítimas de alguns tipos de golpes e fraudes nos últimos dois anos. Pode-se considerar golpes como as situações em que houve ação direta da vítima, tendo sido enganada de alguma forma, por técnicas de engenharia social, por exemplo; e fraudes situações em que não houve envolvimento ativo da vítima, como falsificação e roubo de informações.

Para facilitar a referência neste artigo, o termo golpe será utilizado de forma abrangente e as situações pesquisadas foram chamadas de “golpe de investimento, golpe de informações, golpe no cartão e golpe eletrônico”.

As perguntas do instrumento de pesquisa foram:

Golpe de investimento: “Você aceitou o conselho de investir em um produto financeiro que mais tarde descobriu ser uma fraude, como uma pirâmide?”

Golpe de informações: “Você forneceu acidentalmente informações financeiras pessoais (como senhas ou número de cartão) em resposta a um e-mail, telefonema ou mensagem de mídias sociais que você descobriu posteriormente não ser verdadeiro?”

Golpe no cartão: “Você descobriu que alguém usou seus dados de cartão para fazer compras sem sua autorização?”

Golpe eletrônico: “Você perdeu dinheiro como resultado de “hackers” ou golpes de “phishing” ou outros golpes eletrônicos?”

Essas quatro situações não representam a totalidade dos tipos de golpes aos quais as pessoas estão expostas. Faltam compilar golpes envolvendo transferências por Pix ou outros tipos de transferência bancária, bem como aberturas indevidas de contas bancárias. Dessa forma, esse estudo é somente uma aproximação para melhor compreender o fenômeno, sendo que pesquisas futuras poderão abordar outras formas de golpes e fraudes, reconhece o BC.

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