ECONOMIA

Petrobrás lucra R$26,625 bilhões no 3° tri e paga R$ 17,5 bilhões de dividendos

Com os bons resultados, o Conselho de Administração aprovou o pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) no valor de R$ 17,5 bilhões, um aumento de 16,73% sobre os R$ 14,992 bilhões distribuídos em agosto, referentes ao 2º trimestre

Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
[email protected]

Publicado em 10/11/2023 às 05:51

Alterado em 10/11/2023 às 13:11

Rio de Janeiro - Edifício sede da Petrobras no Centro do Rio. (Fernando Frazão/Agência Brasil) Fernando Frazão/Agência Brasil

A Petrobras bateu recorde de produção de petróleo e gás, que cresceu 9% no 3º trimestre, e na capacidade de refino, com uso médio de 96% das refinarias, mas a queda do real frente ao dólar no 3º trimestre reduziu em 7,5% os seus lucros no 3º trimestre, que ficaram em R$ 26,625 bilhões, contra R$ 28,782 bilhões no 2º trimestre. A empresa continuou reduzindo seu endividamento em dólar e gerou EBITDA ajustado de R$ 66,2 bilhões no 3º trimestre, com crescimento de 17% sobre o 2º trimestre, a 6ª melhor marca trimestral da história.

Com os bons resultados, o Conselho de Administração aprovou o pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) no valor de R$ 17,5 bilhões, um aumento de 16,73% sobre os R$ 14,992 bilhões distribuídos em agosto, referentes ao 2º trimestre.3T23), mantendo a consistência de bons resultados da empresa. As maiores exportações de petróleo e vendas de derivados no mercado interno e menores importações de Gás Natural Liquefeito (GNL).

Queda de preços reduz lucro em 35,5% no ano
O impacto da desvalorização do real frente ao dólar e da queda das cotações do petróleo tipo Brent no mercado internacional, além da redução das margens dos derivados no mercado internacional (crackspreads), que afetou a indústria de óleo, gás e derivados em todo o mundo, como um todo, ficou mais patente no resultado acumulado nos primeiros nove meses: R$ 93,563 bilhões, que representou uma queda de 35,5% frente aos R$ 144,987 bilhões no mesmo período de 2022, quando os impactos da invasão da Ucrânia pela Rússia impactaram os mercados de petróleo e derivados.

Em nota, a Petrobras ressalta que este ano “essas variáveis afetaram não só a Petrobras, mas a indústria de óleo, gás e derivados como um todo". Ainda assim o fluxo de caixa operacional (FCO) da companhia está acima da média das empresas globais de petróleo (“majors”). Frisa a companhia que, “na comparação de janeiro a setembro de 2023 com os nove primeiros meses de 2022, a Petrobras apresenta menores perdas de fluxo de caixa operacional (FCO) e livre (FCL)” frente às concorrentes. Enquanto as “majors” da indústria apresentaram uma redução média de 28% no FCO e 43% no FCL nos 9M23 ante 9M22*, a Petrobras reportou queda de apenas 14% e 25% respectivamente (dados em US$). O desempenho operacional da companhia ajudou a mitigar as perdas por conta da queda do Brent. Nos 9 meses de 2023, a produção comercial de petróleo e gás da Petrobras cresceu 1%, ao passo que as majors tiveram, em média, redução de 3% de produção.

“Estamos trabalhando para a Petrobras crescer de forma sustentável e rentável. Tivemos um terceiro trimestre excelente com recordes operacionais no E&P, no refino e no processamento de gás; seguimos com a nossa estratégia comercial para os combustíveis, que vem se mostrando bem-sucedida, tornando a Petrobras mais competitiva no mercado e ao mesmo tempo permitindo períodos de estabilidade para o consumidor. E tudo isso com responsabilidade socioambiental, resultados financeiros sólidos e consistentes, contribuindo para a sociedade e remunerando os acionistas da empresa”, destacou o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

Endividamento sob controle

A dívida bruta da Petrobras segue patamar saudável e dentro do intervalo de referência entre US$ 50 bilhões e US$ 65 bilhões. A companhia encerrou o 3º trimestre com uma dívida bruta de aproximadamente US$ 61 bilhões, 5% acima do trimestre anterior. Esse aumento se deve à entrada em operação do FPSO Anita Garibaldi, na Bacia de Campos, uma plataforma afretada que eleva tanto o ativo quanto a dívida da companhia, segundo a norma contábil internacional (IFRS 16). O aumento do endividamento não está associado a captações de dívida financeira da companhia, que continua a financiar suas obrigações com seu fluxo de caixa operacional, em linha com seu Plano Estratégico.

“O nível de dívida da empresa segue como planejamos. Estávamos no piso da nossa faixa de referência justamente porque tínhamos a expectativa de início da operação de alguns FPSOs afretados, como o Anita Garibaldi, que já está produzindo na Bacia de Campos e contribuindo para o aumento de produção da Petrobras. Excluindo o efeito do afretamento, a dívida financeira da companhia ficou estável em comparação com o segundo trimestre, atingindo US$ 29,5 bilhões em 30 de setembro de 2023”, explica Sergio Caetano Leite, diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores.

Contribuições para a sociedade

No 3º trimestre, os investimentos da Petrobras totalizaram US$ 3,4 bilhões, 5% acima do 2º período. Nos primeiros nove meses do ano, os investimentos totalizaram US$ 9,1 bilhões, um crescimento de 31% em relação ao mesmo período de 2022. Mesmo com o cenário desafiador enfrentado pelo mercado fornecedor, que influenciou a capacidade de suprimento da demanda, a Petrobras deve encerrar o ano com patamar de US$ 13 bilhões de investimentos, sem comprometer a meta de produção planejada para 2023.

As operações da Petrobras seguem dando significativo retorno para a sociedade. Somente no 3º trimestre do ano, foram pagos R$ 56,5 bilhões em tributos para União e entes estaduais e municipais. Durante o período também foram pagos ao grupo controlador (União Federal, BNDES e BNDESPar) R$ 9 bilhões em dividendos aprovados anteriormente.

Pré-sal garante 78% da produção

Como já adiantaram o relatório de produção, a Petrobras teve recordes operacionais no 3º trimestre. A produção média de óleo, líquido de gás natural (LGN) e gás natural própria da companhia cresceu 9% em relação ao 2º trimestre, alcançando 2,88 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) no período. Esse resultado se deve, principalmente, ao alto desempenho operacional das plataformas do pré-sal.

A produção própria no pré-sal bateu novo recorde trimestral de 2,25 milhões de boed, equivalente a 78% da produção total da Petrobras, superando o recorde anterior de 2,06 milhões de boed no 2º trimestre deste ano. A produção total operada pela Petrobras também atingiu o recorde com 3,98 milhões de boed no mesmo período, 8% acima do 2º período do ano.

O FPSO Almirante Barroso, no Campo de Búzios, atingiu sua capacidade máxima de 150 mil bpd, com três poços produtores, no dia 24 de outubro, apenas 146 dias após o primeiro óleo, um recorde no pré-sal. O recorde anterior da Petrobras foi o do FPSO P-76, também no campo de Búzios, que atingiu a capacidade máxima de produção em 234 dias.

O fator de utilização (FUT) das refinarias da Petrobras atingiu 96% no terceiro trimestre, o melhor resultado trimestral desde 2014, graças ao uso mais intenso do petróleo mais leve do pré-sal nas refinarias, que chegaram a operar com 96% da capacidade instalada. A produção total de derivados foi de 1.829 milhão barris por dia (Mbpd) no período. A produção de diesel, gasolina e QAV representou 69% da produção total, um aumento de 2 pontos percentuais frente ao 2º trimestre.

A companhia também reduziu a emissão de gases de efeito estufa, alcançando os melhores resultados trimestrais das refinarias em Intensidade Energética (101,7) e Intensidade de Emissão de Gases do Efeito Estufa (36,2 kgCO2eq/CWT), fruto dos investimentos no Programa RefTOP (Refino de Classe Mundial) e dos avanços em eficiência energética.

Calendário dos dividendos

Os dividendos serão pagos em duas parcelas iguais nos meses de fevereiro e março de 2024, da seguinte forma:

Valor a ser pago: R$ 1,344365 por ação ordinária e preferencial, em duas parcelas, sendo: (i) primeira parcela, no valor de R$ 0,672183 por ação ordinária e preferencial; ii) segunda parcela, no valor de R$ 0,672182 por ação ordinária e preferencial.

Data de corte: dia 21 de novembro de 2023 para os detentores de ações de emissão da Petrobras negociadas na B3 e o “record date” será dia 24 de novembro de 2023 para os detentores de ADRs negociadas na New York Stock Exchange (NYSE). As ações da Petrobras serão negociadas ex-direitos na B3 e na NYSE a partir de 22 de novembro de 2023.

Data de pagamento: para os detentores de ações de emissão da Petrobras negociadas na B3 o pagamento da 1ª parcela será realizado no dia 20 de fevereiro de 2024 e o da 2ª parcela em 20 de março de 2024. Os detentores de ADRs receberão os pagamentos a partir de 27 de fevereiro de 2024 e 27 de março de 2024, respectivamente.

Forma de distribuição: A 1ª parcela de pagamento será realizada da seguinte forma: (a) dividendos, de R$ 0,243110 por ação ordinária e preferencial; e (b) juros sobre capital próprio de R$ 0,429073 por ação ordinária e preferencial. Já a 2ª parcela será integralmente paga sob a forma de dividendos.

Atualização dos valores por ação: Os valores de dividendos e JCP por ação são preliminares e podem sofrer variação até a data de corte em decorrência do programa de recompra de ações. Na data de corte, caso haja alteração dos valores por ação, a Petrobras irá comunicar os novos valores ao mercado.

Vale ressaltar que esses proventos serão abatidos da remuneração aos acionistas a ser aprovada na Assembleia Geral Ordinária de 2024 relativos ao exercício de 2023. Os valores de cada parcela serão atualizados pela variação da taxa Selic de 31 de dezembro de 2023 até a data de cada pagamento.

Tags: