
Pelo 2º ano seguido, o Banco do Brasil voltou a superar o Itaú Unibanco como a instituição financeira de maior lucro nas operações dentro do país. No 3º trimestre deste ano, o Banco do Brasil anunciou, na noite dessa quarta-feira, lucro gerencial ajustado de R$ 8,785 bilhões (um aumento de 4,5% sobre o 2º trimestre). No mesmo período, o Itaú Unibanco anunciou, segunda-feira, lucro recorrente de R$ 9,040 bilhões no 3º trimestre. Mas o resultado engloba lucro de 592 milhões de suas filiais da América Latina. Nos negócios da matriz no Brasil (e paraísos fiscais no exterior, onde o BB também atua), o lucro foi menor, de R$ 8,448 bilhões.
A diferença entre os dois fica maior quando se compara os primeiros nove meses do ano. O BB lucrou R$ 26,119 bilhões (+14% sobre o mesmo período de 2022). E o Itaú Unibanco lucrou R$ 26,217 bilhões. Entretanto, excluídas as filiais da América Latina (onde a atuação do Itaú encolheu, com a venda da filial local em agosto), o lucro diminui para R$ 24,070 bilhões. Já no mesmo período do ano passado o BB estava à frente, acumulando R$ 22,903 bilhões, contra R$ 21,192 bilhões do Itaú.
Efeito Americanas
Os dois maiores bancos do país também foram vítimas da inadimplência da Lojas Americanas, que entrou em recuperação judicial em janeiro deste ano. No 1º trimestre, o BB fez provisões de perdas para R$ 2,546 bilhões em debêntures da varejista. Agora, no 3º trimestre, fez nova provisão de R$ 507,4 bilhões, quando os atrasos de pagamento da Americanas exigiram 100% de provisão. A soma das provisões para devedores duvidosos chegou a R$ 20,548 bilhões, com aumento de 101,2% sobre a posição em setembro de 2022. O total da carteira de crédito do BB era de R$ 946 bilhões.
No Itaú, que tinha uma carteira de crédito de R$ 954 bilhões no Brasil em setembro, com crescimento de 2% sobre a posição de julho, provisões para devedores duvidosos somavam R$ 25,507 bilhões, com aumento de 21,7% sobre setembro de 2022. A menor provisão no BB está ligada à sua grande clientela de funcionários públicos (com vida financeira estável).
No Itaú a maior inadimplência era justamente nas operações com pessoas físicas (R$ 408 bilhões), que evoluíram apenas 0,6% no trimestre e fecharam setembro com 4,9% de operações com mais de 90 dias de atraso. As pequenas, médias e microempresas tomaram R$ 175,6 bilhões (+3,3% no trimestre), e a inadimplência subiu de 2,5% em junho para 2,6% em setembro (um ano antes era de 2,3%). Só as grandes empresas, depois das baixas da Americanas, ficaram com níveis baixíssimos, 0,01% de atrasos acima de 90 dias. Por isso o total emprestado cresceu 3% no 3º trimestre, chegando a R$ 370,4 bilhões. Mas o valor é bem menor que a soma das operações a PF e MPEs (R$ 583,.6 bilhões), que cresceram 1,4% no 3º trimestre.
O Itaú segrega suas operações no Brasil em três segmentos: Varejo, Atacado e Operações Corporativas e de Tesouraria. O Varejo teve lucro líquido de apenas R$ 3,198 bilhões no 3º trimestre, alta de 0,2% sobre o 2º. Conforme o balanço do Itaú, o segmento do Atacado (que controla as atividades do Itaú-BBA, de Asset Management, e das atividades no exterior) teve lucro de R$ 5,088 bilhões no 3º trimestre, com alta de 3,2% sobre o 2º período. E as atividades corporativas tiveram ganho de R$ 755 milhões, com avanço de 21,8% no trimestre.