ECONOMIA
Comissão do Senado aprova Gabriel Galípolo para diretoria do Banco Central
Por JORNAL DO BRASIL
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Publicado em 04/07/2023 às 13:55
Alterado em 06/07/2023 às 20:36
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou, nesta quarta-feira (4), o nome do economista Gabriel Galípolo, ex-secretário Executivo do Ministério da Fazenda, para a diretoria de Política Monetária do Banco Central. O colegiado deu aval, por 23 votos a 2, ao nome indicado pelo presidente Lula.
O CAE também aprovou, por 24 a 1, a indicação de Ailton de Aquino Santos, para a Diretoria de Fiscalização da instituição. Os nomes foram aprovados após sabatina pela CAE. As indicações seguem para votação no plenário principal do Senado. Cabe ao conjunto de 81 senadores dar a palavra final sobre os escolhidos.A votação está prevista para esta quarta. A expectativa é que não haja obstáculos.
As sabatinas de Galípolo e de Ailton de Aquino ocorrem em meio a fortes críticas de Lula e integrantes do governo ao presidente da instituição, o economista Roberto Campos Neto, e à taxa básica de juros, a Selic, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do BC. No entendimento do governo, a Selic no patamar atual, de 13,75% ao ano, inibe investimentos e prejudica o crescimento da economia.
Além de Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e diversos ministros, entre os quais Fernando Haddad (Fazenda) e Carlos Fávaro (Agricultura), têm feito essas críticas à taxa de juros.
O mandato do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, termina no fim de 2024. Galípolo já é o principal candidato para substituí-lo. Também terminam o mandato do diretor de Regulação, Otávio Damaso, e da diretora de Administração, Carolina de Assis Barros.
A lei também de autonomia do BC, aprovada em 2021, determina mandatos fixos de quatro anos ao presidente e aos diretores da autarquia, que podem ser renovados apenas uma vez e não são coincidentes com o do presidente da República.
Gabriel Galípolo
Durante a sabatina, Galípolo afirmou que só uma "taxa de juros neutra" de 4,5% ao ano não é "solução para crescer", e fez acenos ao presidente da autarquia, Roberto Campos Neto.
"O crescimento do Brasil não depende só de uma questão externa. Como bem colocou o diretor-presidente do Banco Central, Roberto Campos, se a gente seguir com premissas de um crescimento potencial de 1,5%, 1,6%, e uma taxa de juros neutra de 4,5%, por mais sofisticado que sejam modelos e os economistas que tratam dos modelos, a relação dívida-PIB não vai apresentar um bom comportamento", disse.
Galípolo também se referiu a Campos Neto ao mencionar a trajetória da relação entre crescimento econômico e dívida pública.
“O próprio Roberto [Campos Neto] tem dito, a única solução é crescer mais e para crescer precisa enfrentar essa agenda que muitas vezes é recebida com ceticismo pela dificuldade do que se precisa enfrentar", declarou.
O ex-número 2 da Fazenda também afirmou que não cabe a um economista "impor o que ele entende ser o destino econômico" de um país, sem considerar a "vontade democrática" da classe política eleita pelo povo.
"Não cabe a nenhum economista, por mais excelência que ele tenha, impor o que ele entende ser o destino econômico do país à revelia da vontade democrática e de seus representantes eleitos. Talvez seja preciso se entender que é óbvio que é o poder eleito democraticamente, a vontade das urnas, que determina qual é o destino econômico da nossa sociedade", frisou o indicado.
Ailton Aquino
Assim como Galípolo, Ailton afirmou que está otimista com o futuro. Ele destacou a importância da "independência" e "da autonomia" da área de Fiscalização e disse que pretende trabalhar para o crescimento das cooperativas de crédito.
Servidor do Banco Central há mais de 25 anos, Ailton também fez uma menção indireta à operação-padrão iniciada nesta segunda (3). Ele disse que a área "vem sofrendo um processo de encolhimento", com boa parte dos servidores aptos a se aposentar, e que há "assimetria" em relação à remuneração de outras carreiras.
"Não houve aumento do quadro de servidores. Pelo contrário, há 10 anos tínhamos na área de supervisão 1.100 servidores, hoje não chega a 650. Quase um terço desses podem se aposentar ou estão aptos a se aposentar no próximo ano. A média de idade da área de supervisão gira em torno de 50 anos, padrão no restante do Banco Central", disse.