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Petrobras adota economia de guerra, suspende produção e adia dividendos de 1,7 bilhão

REUTERS/Sergio Moraes -
Sede da Petrobras no Rio de Janeiro
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Sede da Petrobras no Rio de Janeiro (Foto: REUTERS/Sergio Moraes)

Em comunicado divulgado ao mercado na manhã desta quinta-feira (26), a Petrobras anunciou o adiamento do pagamento de dividendos de R$ 1,7 bilhão referentes a 2019 para dezembro, em função da guerra ao coronavírus, que provocou queda dos preços do petróleo e redução do consumo, fatores que pressionaram o caixa da companhia. A decisão foi tomada ontem pelo Conselho de Administração. A medida seria submetida à Assembleia Geral Ordinária (AGO), de 20/05/2020, adiada para 15/12/2020.

Além do atraso no pagamento dos dividendos, a companhia decidiu reduzir a produção de petróleo em suas plataformas localizadas em águas rasas (de maior custo de extração), no total de 100 mil barris diários. O pré-sal está preservado. Como divulgado em 20 de fevereiro, o montante total a ser pago é de R$ 1,7 bilhão para as ações ordinárias (R$ 0,233649 por ação) e R$ 2,5 milhões para as ações preferenciais (R$ 0,000449 por ação) em circulação, com base no resultado anual de 2019.

Medidas contra impacto do coronavírus

A Petrobras listou as medidas que vem adotando, tendo em vista os impactos da pandemia do Covid-19 (coronavírus) e do choque de preços do petróleo.

A companhia anunciou uma série de medidas para preservar a saúde de seus colaboradores e apoiar na prevenção do coronavírus em suas áreas operacionais e administrativas. As iniciativas estão alinhadas às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde e visam contribuir com os esforços da população e das autoridades brasileiras para mitigar os riscos da doença. Um comitê especial acompanha diariamente a evolução do coronavírus e avaliando a necessidade de novas medidas.

A Petrobras doou ao Sistema Único de Saúde (SUS) 600 mil testes para diagnóstico de Covid-19, que foram importados dos Estados Unidos e chegarão ao Brasil em abril. Também criou um grupo multidisciplinar de profissionais de seu centro de pesquisas (Cenpes) para avaliar e propor soluções em parceria com universidades, empresas e instituições que possam ajudar no combate ao coronavírus.

Impactos da queda do preço do petróleo

Como resultado da redução abrupta dos preços e demanda de petróleo e combustíveis, a companhia está adotando uma série de medidas para redução de desembolso e preservação do caixa neste cenário de incertezas, a fim de reforçar sua solidez financeira e resiliência dos seus negócios, dentre as quais destacamos:

· Desembolso das linhas de crédito compromissadas (Revolving Credit Lines), no montante de US$ 8 bilhões. Anunciados em 20/03/2020, os recursos entraram no caixa essa semana. Desembolso de duas novas linhas que somam R$ 3,5 bilhões;

· Redução e postergação de gastos com recursos humanos, no valor total de R$ 2,4 bilhões;

· Adiamento do pagamento do Programa de Prêmio por Performance 2019;

· Postergação do pagamento de horas-extras;

· Postergação do recolhimento de FGTS e do pagamento de gratificação de férias, conforme Medida Provisória n° 927, de 2020;

· Postergação do pagamento de 30% da remuneração mensal total do Presidente, Diretores, Gerentes Executivos e Gerentes Gerais;

· Cancelamento dos processos de avanço de nível e promoção para os empregados e avanço de nível de funções gratificadas de 2020;

· Redução de 50% no número de empregados em sobreaviso parcial nos próximos três meses e suspensão temporária de todos os treinamentos;

· Reforço do capital de giro;

· Redução dos investimentos programados para 2020 de US$ 12 bilhões para US$ 8,5 bilhões (sendo US$ 7 bilhões na visão caixa), em função principalmente de postergações de atividades exploratórias, interligação de poços e construção de instalações de produção e refino, e da desvalorização do Real frente ao dólar americano.

· Aceleração da redução dos gastos operacionais, com uma diminuição adicional de US$ 2 bilhões, destacando:

· Hibernação das plataformas em operação em campos de águas rasas, com custo de extração por barril mais elevado, que em virtude da queda dos preços do petróleo passaram a ter fluxo de caixa negativo. A produção atual de óleo desses campos é de 23 mil bpd e os desinvestimentos nesses ativos continuam em andamento;

· Menores gastos com intervenções em poços e otimização da logística de produção;

· Postergação de novas contratações relevantes pelo prazo de 90 dias.

Como resultado da implementação das medidas descritas, a companhia estima que equilibrará seu fluxo de caixa no ano de 2020.

Em relação à comercialização de petróleo e derivados, a Petrobras está continuamente monitorando o mercado interno e externo, bem como fazendo a gestão dos estoques e processamento em suas refinarias, em alinhamento com as variações das demandas do mercado. A crise do Covid-19 tem provocado reduções significativas de demandas de derivados, especialmente de diesel, gasolina e QAV no Brasil e no mundo.

Nesse sentido, a companhia decidiu reduzir um total de 100 mil bpd da sua produção de óleo até o final de março, em função da sobreoferta deste produto no mercado externo e pela redução da demanda mundial de petróleo causada pelo efeito do Covid-19. A companhia avaliará as condições do mercado e, em caso de necessidade, realizará novos ajustes na produção de petróleo, sempre garantindo as condições de segurança para as pessoas, operações e processos.

A companhia continua a explorar oportunidades para cortes adicionais de custos administrativos e operacionais. Dado o alto grau de incerteza prevalecente na economia global, entendemos ser prematuro fazer revisões do cenário base e projeções de preços de petróleo. Tais revisões serão feitas quando as incertezas e a consequente volatilidade de preços diminuírem.