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Vale tem prejuízo de US$1,56 bi no 4º tri com baixas contábeis e Brumadinho

REUTERS/Washington Alves -
Vale
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A mineradora Vale registrou prejuízo líquido de 1,56 bilhão de dólares no quarto trimestre de 2019, ante lucro líquido de 3,79 bilhões de dólares no mesmo período do ano anterior, principalmente devido a baixas contábeis e provisões relacionadas ao rompimento de barragem em janeiro de 2019.

Em seu relatório de desempenho financeiro publicado nesta quinta-feira, a companhia reportou baixas contábeis de 4,2 bilhões de dólares entre outubro e dezembro em ativos da Vale Nova Caledônia e da mina de carvão de Moçambique.

Segundo a empresa, a operação da Nova Caledônia enfrentou problemas desafiadores ao longo de 2019, principalmente nas atividades de produção e processamento.

"Dessa forma, a Vale revisou seu plano de negócios, reduzindo os níveis de produção esperados para a vida útil restante da operação", disse a companhia.

No segmento de carvão, houve uma reavaliação das expectativas relacionadas ao yield de carvão metalúrgico e térmico nas operações em Moçambique, a revisão do plano de lavra, que levou a uma redução nas reservas provadas e prováveis, e a redução da premissa de preços no longo prazo.

No quarto trimestre, a empresa também considerou uma provisão de 671 milhões de dólares relacionada ao plano de descaracterização de barragens, colocado em prática após o colapso de barragem em Brumadinho (MG), há cerca de um ano. Uma provisão de 227 milhões de dólares também foi considerada no resultado trimestral da companhia por acordos firmados.

Uma das maiores produtoras globais de minério de ferro, a empresa teve um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 3,5 bilhões de dólares nos últimos três meses de 2019, queda de 20,8% ante o mesmo período de 2018.

O Ebitda ajustado do segmento de minerais ferrosos foi de 4,538 bilhões de dólares no quarto trimestre, em linha com o trimestre anterior, apesar de menores preços de venda, o que foi parcialmente compensado por maiores volumes de venda, menores custos e maiores dividendos recebidos.

No quarto trimestre, o preço de finos de minério de ferro (CFR/FOB) realizado da Vale totalizou 83,5 dólares/tonelada, versus 89,2 dólares no terceiro trimestre e 68,4 dólares no mesmo período do ano anterior.

Apesar da queda de 13% do preço de referência 62% CFR China na comparação com o terceiro trimestre, o preço realizado da Vale reduziu-se apenas cerca de 6%, devido ao efeito positivo dos mecanismos de precificação, impactado pela forte volatilidade de preços durante o trimestre e por uma maior curva de preços futura, disse a companhia.

PRÊMIO

Já o prêmio de qualidade total de finos de minério de ferro e pelotas somou 6,4 dólares por toneladas no quatro trimestre, ante 11,5 dólares/tonelada no mesmo período do ano anterior.

No ano, o prêmio também caiu, para 8,3 dólares/tonelada em média, ante 10,2 dólares em 2018.

A composição dos produtos prêmios na composição do total das vendas, por outro lado, subiu para 87%, ante 84% no quarto trimestre de 2018.

RESULTADOS DO ANO

No acumulado de 2019, a mineradora registrou prejuízo líquido de 1,68 bilhão de dólares, comparado a um lucro líquido de 6,86 bilhões de dólares em 2018, diante principalmente de provisões e despesas relacionadas ao desastre em Brumadinho e também devido ao rompimento anterior, de uma estrutura da joint venture Samarco, em 2015.

O desastre de Brumadinho, que matou pelo menos 259 pessoas --onde a empresa era a única dona das operações que colapsaram--, levou a companhia a uma grande revisão de segurança das suas estruturas, com a paralisação de atividades, além de uma aceleração em planos para a descaracterização de barragens.

Os resultados financeiros líquidos representaram uma perda de 3,413 bilhões de dólares, ficando 1,544 bilhão de dólares abaixo do que em 2018, principalmente por menores despesas com variação cambial no ano, com a adoção do investimento líquido em hedge, que foram parcialmente compensados por maiores despesas de marcação a mercado das debêntures participativas.

Os investimentos em 2019 permaneceram em linha com 2018, totalizando 3,704 bilhões de dólares, sendo 544 milhões de dólares em execução de projetos e 3,160 bilhões de dólares em manutenção de operações.

Em 2020, a Vale espera investir 5 bilhões de dólares, o que significará um aumento de 35% em relação a 2019, principalmente para impulsionar o uso do sistema de filtragem e empilhamento a seco.

A dívida líquida da Vale totalizou 4,880 bilhões de dólares no fim de 2019, nível mais baixo desde 2008, mostrando uma redução substancial em comparação aos 9,650 bilhões de dólares no fim de 2018, devido à forte geração de caixa ao longo do ano.

Entretanto, levando em consideração obrigações de arrendamentos e Refis, além de provisões de Brumadinho e obrigações com a Samarco, o valor total seria de 17,75 bilhões de dólares em 31 de dezembro de 2019.

O Ebitda ajustado da empresa em 2019 somou 10,585 bilhões de dólares, queda de 36,2% ante o mesmo período do ano anterior. (Reuters)

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