Em clima de "paz e amor" desde que chegou aos Emirados Árabes Unidos, no golfo Pérsico, o presidente Jair Bolsonaro priorizou as palavras alegria, harmonia, confiança e amizade durante evento para empresários em Abu Dhabi na manhã deste domingo (27), tanto em seu discurso de cinco minutos quanto em entrevista na saída do evento.
"Está um homem de coração aberto, estendendo a mão aos senhores, pedindo que confiem em nosso país", disse o presidente para uma plateia de cerca de 500 empresários (100 deles brasileiros), aos quais descreveu o Brasil como "um país de todas as raças, de todas a religiões, que comporta gente do mundo todo e convive em perfeita harmonia".
O sentimento positivo apareceu também na resposta aos resultados concretos da visita ao país árabe, que começou no sábado e se encerra na segunda: "O Brasil vai ser muito feliz com nossa passagem por aqui".
A prioridade da comitiva brasileira nesta etapa da viagem é atrair investimentos dos bilionários fundos soberanos dos Emirados para investimentos em obras de infraestrutura (principalmente logística para o escoamento de exportações do agronegócio) e óleo e gás --nessa área, os fundos se interessam também por logística e por refino.
Definindo seu papel como o de um "cartão de visitas" do Brasil, Bolsonaro disse à plateia que esta é a primeira vez na história em que o país tem uma taxa de juros tão baixa, uma inflação "abaixo da média", uma redução drástica do risco Brasil e do desemprego --este último indicador, no entanto, não tem sofrido diminuição acelerada. "Confiança se faz entre nós porque nós confiamos entre si", acrescentou.
Apelou também para o estilo "paz e amor" ao ser questionado sobre por que sorrira durante discurso de representantes do governo emiradense, na abertura do seminário. "Não vou cair nessa pegadinha. Minha fisionomia é sempre de alegria, de felicidade", respondeu.
Em árabe, as falas ficaram sem tradução tanto para a imprensa quanto para o presidente.
"Obviamente, minha fisionomia demonstrava satisfação. Sabia, mesmo sem entender o que estava sendo falado, que era boa coisa a respeito do Brasil."
Em meio à onda de otimismo, o presidente acabou trocando os sinais do mais recente ranking sobre facilidade de fazer negócios divulgado pelo Banco Mundial.
Ao falar sobre medidas para reduzir a burocracia, "bem como tudo que poderia atravancar a relação comercial", Bolsonaro afirmou que o Brasil "evoluiu 15 degraus na facilidade de fazer negócios". Em ranking recém-divulgado pelo Banco Mundial, porém, o Brasil desceu 15 posições. Embora sua nota tenha melhorado, outros países avançaram mais rapidamente.
Após o evento, o presidente falou sobre países latino-americanos vizinhos, também em tom mais ameno que o adotado no Japão e na China, primeiras etapas da viagem. (Ana Estela de Sousa Pinto/Folhapress)