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Antecipação do FGTS depende da Caixa, dizem bancos

José Cruz -
Agência da Caixa Econômica Federal
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Os grandes bancos brasileiros até têm interesse em lançar linhas de crédito para antecipar o saque do FGTS, que será permitido a partir de 2020 contando a data de aniversário do trabalhador. Mas primeiro querem saber as regras que a Caixa estabelecerá.

No ano passado, o governo permitiu o uso de FGTS para garantir crédito consignado, mas o produto não foi adiante por conta das tarifas cobradas pela Caixa, que administra as contas do FGTS, para liberar informações aos bancos. 

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Agência da Caixa Econômica Federal (Foto: José Cruz)

O presidente do Bradesco, Octavio Lazari, explicou hoje durante teleconferência de resultados que o banco terá como avançar neste produto até pela sua presença por todo o país mas que a gestão do FGTS é da Caixa e esses dados não estão à disposição.  "Dependendo de quanto a taxa for ajustada para bancos ter que pagar de tarifa, pode ficar caro no produto final", diz Lazari e assim o produto ficaria inviabilizado. 

O governo anunciou ontem a possibilidade de saque de até R$ 500 por conta inativa de cada trabalhador e a medida provisória permite ainda que o trabalhador use a possibilidade do saque como garantia para obter crédito. A expectativa é de que sejam liberados R$ 42 bilhões na economia. 

A exemplo do Bradesco, o Banco do Brasil informou por meio de sua assessoria que tem interesse em estruturar uma linha, mas que vai esperar a regulamentação do Comitê Gestor do FGTS. O Itaú e o Santander disseram que estão avaliando a possibilidade de estruturar linhas para antecipação do FGTS. 

Em tese, ao poder dar como garantia um valor tão seguro e certo como o saldo do FGTS, o trabalhador deveria ter acesso a linhas com os juros mais baixos do mercado. Mas não foi o que aconteceu no ano passado. Quando o governo Temer alardeou a possibilidade de se fazer empréstimo consignado dando como garantia o saldo do trabalhador no FGTS, o produto não deslanchou por conta da tarifa cobrada pela Caixa. 

O banco estatal cobrava um valor mensal para as instituições acessarem o sistema e limitava o número de consultas por tarifa, elevando o custo do crédito. E quanto mais baixo o valor do crédito, mais elevada proporcionalmente ficava a tarifa. Dado o baixo valor liberado agora pelo governo, se a Caixa cobrar tarifas elevadas não será possível oferecer o produto a taxas competitivas. 

Até o fechamento desta reportagem, a Caixa não havia se manifestado.