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STF determina que Petrobras abasteça navios iranianos parados na costa do Brasil

REUTERS/Joao Andrade -
Petrobras se nega a vender combustível para navio de bandeira iraniana que transporta cereais
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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou nesta quinta-feira que a Petrobras forneça combustível a navios iranianos que estão parados na costa brasileira à espera de abastecimento desde o início de junho, segundo documento da decisão judicial visto pela Reuters.

A Petrobras havia se negado a fornecer o combustível a dois navios de bandeira do Irã, alegando que as embarcações estavam na lista de sanções dos Estados Unidos.

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Petrobras se nega a vender combustível para navio de bandeira iraniana que transporta cereais (Foto: REUTERS/Joao Andrade)

Em sua decisão, Dias Toffoli avaliou que as embarcações iranianas estão sob contrato com a empresa brasileira Eleva, que não consta da lista de agentes sancionados pelos EUA.

O presidente do STF acrescentou ainda que o impedimento da empresa de concluir o negócio traria prejuízos ao Brasil, que tem no Irã o seu maior mercado para exportação de milho.

A Petrobras avalia que decisão do STF sobre navios do Irã mitiga riscos de sanções dos EUA, disse uma fonte da empresa, indicando que a companhia deverá cumprir a decisão apenas quando for notificada.

"Decisão da corte suprema tem que ser cumprida", comentou a fonte, na condição de anonimato.

"Qualquer sanção deverá estar sob responsabilidade da decisão do STF... O problema seria uma potencial sanção impactar potenciais contratos com empresas americanas. Com a decisão da suprema corte, este risco fica bastante mitigado", afirmou.

Em nota, a Petrobras informou que não foi notificada e que analisaria a decisão.

Os navios, que estão parados próximos de Paranaguá (PR), foram contratados pela empresa brasileira Eleva para trazer ureia ao Brasil e retornar ao país do Oriente Médio com milho.

"A expectativa é que, nas próximas horas, haja esse abastecimento e essas embarcações possam finalmente concluir o processo de exportação e finalizar essa crise que acabou sendo instaurada", disse à Reuters o advogado Rodrigo Cotta, do escritório Kincaid Mendes Vianna, que representa a Eleva.

O iraniano Bavand já carregou cerca de 50 mil toneladas de milho, em maio, no porto catarinense de Imbituba, enquanto o Termeh, que deveria chegar em meados de julho ao local para carregar 66 mil toneladas do cereal, também se encontra parado perto de Paranaguá.

Segundo Cotta, o Bavand já tem todas as autorizações para seguir viagem, dependendo apenas do combustível.

Já o Termeh, após o abastecimento, ainda precisará carregar sua carga de milho para seguir viagem, o que ainda poderá demandar alguns dias.

Outros dois navios de bandeira iraniana afretados pela Eleva MV Delruba e Ganj, atualmente próximos ao porto de Imbituba (SC), já têm com combustível para voltar, explicou Cotta. Um quinto navio chamado Daryabar, também contratado pela empresa, já retornou ao Irã.

O advogado reiterou que a falta de combustível de ambos os navios ocorreu por uma questão pontual de logística e que normalmente, nesse tipo de transação, os navios já chegam ao Brasil com o combustível necessário para voltar.

Na véspera, o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz, afirmou que não havia sinalização de qualquer prejuízo comercial ao Brasil decorrente do impasse, defendendo que a Petrobras tomou as decisões que achava pertinentes no caso.