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Banco BOCOM BBM, de controle chinês, tenta entrar em comercialização de energia

REUTERS/Bobby Yip -
Bank of Communications
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O banco BOCOM BBM, controlado pelo chinês Bank of Communications, tem tentado abrir uma comercializadora de energia elétrica para atuar no mercado brasileiro, segundo documentos vistos pela Reuters.

O movimento do banco vem em meio a um forte aquecimento do segmento de comercialização, que teve em 2018 a abertura de um número recorde de novas empresas autorizadas a operar, puxado pelos bons lucros obtidos pelos agentes que já atuam na área.

Macaque in the trees
Bank of Communications (Foto: REUTERS/Bobby Yip)

Um primeiro pedido do banco para entrada no mercado elétrico, no entanto, foi rejeitada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por questões formais. A instituição financeira demonstrou interesse em recorrer para conseguir a autorização necessária.

A rejeição da Aneel, reguladora do setor elétrico, aconteceu porque o banco "não contempla a atividade de comercialização de energia em seu objeto social", o que seria um "requisito essencial", segundo nota técnica da agência.

Antes, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), na qual são registradas as empresas que operam com o chamado "trading" de energia, havia sugerido ao regulador aprovar a entrada do BOCOM BBM no mercado, "considerando a ausência de qualquer elemento que denote risco extraordinário às operações".

Em uma carta à Aneel, o banco de controle chinês chegou a pedir uma decisão rápida do regulador, positiva ou negativa, para "apresentar os recursos cabíveis".

No documento, o BOCOM BBM defendeu que a decisão da Aneel contrária à sua adesão ao mercado "está em desacordo com a legislação que rege as instituições financeiras nacionais e com a própria realidade do mercado de comercialização de energia elétrica, onde instituições financeiras já comercializam diariamente e há mais de um ano".

O banco chegou a citar nominalmente o BTG Pactual, que atua há anos no segmento, após ter fechado em 2010 a aquisição da comercializadora de energia Coomex.

Depois dos argumentos do BOCOM BBM, a superintendência de concessões e autorizações da Aneel apontou em nota técnica que o caso do BTG Pactual "será analisado".

Procurado, o BOCOM BBM não respondeu pedidos de comentário. O BTG Pactual também não comentou.

Além do BTG, outros agentes do setor financeiro também atuam na comercialização. O banco australiano Macquarie controla a Nova Energia, enquanto o Banco Santander abriu recentemente uma comercializadora própria.

O BOCOM BBM é controlado pelo chinês Bank of Communications desde 2016, quando os chineses concluíram a aquisição de 80% do então Banco BBM. A instituição financeira fechou 2018 com patrimônio líquido de 601 milhões de reais e um total de ativos de 6,67 bilhões de reais.