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Gustavo Montezano é escolhido para assumir a presidência do BNDES

Ele ocupa o cargo de secretário especial adjunto da Secretaria de Desestatização e Desinvestimento, do Ministério da Economia

Agência Brasil -
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
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BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou nesta segunda-feira (17) o nome de Gustavo Montezano para assumir a presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em substituição ao economista Joaquim Levy, que pediu demissão após declarações do presidente Jair Bolsonaro.

A escolha segue a estratégia que Guedes considera bem-sucedida até o momento de nomear para sua equipe "jovens banqueiros", relatam auxiliares do ministro.

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Gustavo Montezano (Foto: Divulgação/Ministério da Economia)

Atualmente com 38 anos, Montezano foi sócio-diretor do BTG Pactual, com atuação nas áreas de crédito e commodities. Os presidentes do Banco Central, Roberto Campos Neto, e da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, têm perfis semelhantes, vindos do mercado financeiro, e são bem avaliados por Guedes.

Aos colegas de mercado financeiro, Montezano conta ser amigo próximo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro. Cita nominalmente Flávio e Carlos, de quem conta ter sido inclusive vizinho.

Com isso, não se sabe ainda como ele vai interagir com os técnicos do banco.

Com a escolha, o ministro espera acalmar as expectativas do mercado e afastar eventuais temores sobre possíveis ingerências políticas de Bolsonaro nas decisões da equipe econômica.

A principal orientação de Bolsonaro é de que o novo presidente identifique onde foram investidos os recursos usados em operações concedidas durante os governos do PT.

Para a equipe de Guedes, entretanto, a prioridade de Montezano será avançar na venda de ativos em poder do BNDES e se empenhar em fornecer apoio técnico para as privatizações do governo federal.

A escolha, considera estratégica por Guedes, foi conduzida pelo secretário especial de Desestatização e Desinvestimento, Salim Mattar, responsável pelo programa de privatizações da União. Cotado para assumir a vaga no banco, ele costurou a ida de Montezano, que atuou até o momento sob seu comando como secretário adjunto na secretaria.

Mattar era um dos secretários que mais se queixavam da atuação de Joaquim Levy no BNDES. Para ele, faltava no cargo alguém mais voltado às privatizações.

Na pasta, o entendimento é que o novo presidente tem alinhamento à agenda defendida por Guedes. Montezano, inclusive, é mais um nome da equipe econômica que estudou no Ibmec -escola fundada por Guedes.

Graduado em engenharia pelo IME (Instituto Militar de Engenharia), ele é mestre em Finanças pelo Ibmec. Montezano tem 17 anos de carreira no mercado financeiro.

Ele foi alçado ao posto após uma saída considerada traumática de Joaquim Levy. No domingo (16), Bolsonaro afirmou estar "por aqui" com o executivo e disse que ele estava "com a cabeça a prêmio".

Na avaliação de um auxiliar de Guedes, o episódio foi apenas a gota d'água em um copo que já estava para transbordar.

A gestão de Levy gerou irritação no ministro pela dificuldade de dar andamento em determinações do governo.

A avaliação é de que Levy não conseguiu abrir a "caixa preta" do BNDES, promessa de campanha de Bolsonaro. O presidente quer que os empréstimos feitos ao longo da gestão do PT sejam minuciosamente revisados.

Outra fonte de atrito foi a dificuldade de Levy acelerar a venda de ativos em poder do banco.

Por fim, Levy resistia em devolver recursos devidos pelo BNDES ao Tesouro no ritmo desejado pelo ministro da Economia.

No entorno do ministro, Levy foi comparado a um centroavante contratado por um time na esperança de que venha fazer muitos gols, mas não fez nenhum depois de dez jogos.

Segundo um interlocutor de Guedes, na conversa com Montezano, o ministro deixou claro que a devolução do dinheiro faz parte do pacote que precisará ser cumprido pelo novo gestor.

Guedes já disse que espera receber R$ 126 bilhões do BNDES neste ano. O retorno dos recursos impacta positivamente na dívida pública e é tratado como necessário para ajudar no ajuste fiscal do governo.

Segundo o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, Bolsonaro espera que Montezano dê andamento à devolução de recursos ao Tesouro.

Por fazer parte do ministério e estar em diversas reuniões com Guedes, integrantes comentam que ele já tem "a cabeça" do titular da pasta. Por isso mesmo, a devolução de recursos não é vista com preocupação e o entendimento é que Montezano deve cumprir a tarefa sem resistências.

A visão no ministério é que, mesmo com os pagamentos, o banco não necessariamente ficará pequeno. Como Montezano já atuou no mercado financeiro, a avaliação é de que sua atuação deve dar mais ênfase à captação de recursos via mercado de capitais.

De acordo com o porta-voz, Bolsonaro também acha que o BNDES deve aumentar investimentos em infraestrutura e saneamento, ajudar a reestruturar estados e municípios e abrir "a caixa-preta do passado", apontando para onde foram investidos os recursos em Cuba e na Venezuela, por exemplo.

No ano passado, o banco de fomento teve lucro de R$ 6,7 bilhões, crescimento de 10% com relação ao verificado no ano anterior. O desempenho, porém, foi prejudicado pelo calote em financiamentos concedidos a Venezuela e Cuba.

Rêgo Barros afirmou ainda que Bolsonaro considera normal a substituição de um titular de qualquer órgão federal "em função do interesse público e da capacidade de colocar os projetos em andamento com vias a atingir os resultados que foram estabelecidos anteriormente."

Divulgação/Ministério da Economia - Gustavo Montezano