O PIB (Produto Interno Bruto) da agropecuária voltou a cair.
O recuo nos três primeiros meses deste ano, em relação a igual período de 2018, foi de 0,1%. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, a queda foi de 0,5%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Está difícil para o PIB do setor dar sustentação à economia neste ano, como vinha ocorrendo em períodos anteriores.
Neste primeiro trimestre, houve redução de produção e de produtividade de alguns dos principais produtos brasileiros.
Soja, arroz e milho, com grande participação nesse período do ano, somam 92% de toda a produção anual de grãos do país. Os dois primeiros foram os maiores responsáveis pela baixa do PIB do setor.
A carga negativa, porém, continuará no próximo trimestre. A queda na produção de soja foi de 4% nesta safra, mas a colheita se estendeu também para o segundo trimestre.
No fim de março, ainda restavam 20% dos 113 milhões de toneladas da oleaginosa para serem colhidos.
Já a queda de 11% na produção do arroz ocorreu praticamente toda dentro do primeiro trimestre.
Desestimulados, os produtores reduziram a área de plantio do cereal no Rio Grande do Sul, principal produtor nacional.
O feijão também teve peso importante na queda do PIB neste início de ano. A primeira safra teve redução de 10%, escasseando a oferta da leguminosa e elevando os preços.
Neste segundo trimestre o cenário se inverteu e a segunda safra deverá ser maior do que a do ano passado. O feijão tem três colheitas no ano.
A queda do PIB do agronegócio só não foi maior por causa da boa participação da pecuária (bovinos, aves e suínos). Como já antecipou o IBGE, houve aumento de abates e produção maior de carnes neste ano.
A demanda externa está favorável, principalmente em razão dos problemas sanitários na China, grande importadora. O setor deverá continuar favorecendo o PIB.
A taxa do PIB da agropecuária sofrerá ainda os efeitos negativos da queda de 10% da produção de café neste e no próximo trimestre.
O período será beneficiado, porém, pela boa evolução da safrinha de milho, que tem crescimento previsto de 18%, e pelo aumento das produções de trigo e de algodão.
A safra de verão de milho, ocorrida praticamente no primeiro trimestre, ficou estável em relação à de igual período anterior, sem grande participação na taxa do PIB.
Embora as exportações tenham cooperado, a agropecuária adicionou um valor menor de recursos na economia neste ano.
No primeiro trimestre foram R$ 90,3 bilhões, abaixo dos R$ 96,2 bilhões de janeiro a março de 2018.
No primeiro trimestre do ano passado, o setor já havia adicionado um valor 3% inferior ao de 2017, o que mostra uma desaceleração das atividades.
Com isso, a participação da agropecuária no PIB total, que era de 5,7% em 2016, recuou para 5,1% em 2018, segundo o IBGE.
MAURO ZAFALON