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Venda da TAG, pela Petrobras dá à Engie liderança em energia

Francesa só perde para a Chesf no Brasil

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A venda da Transportadora Associada de Gás (TAG) pela Petrobras, por US$ 8,6 bilhões (R$ 35,1 bilhões) à francesa Engie Brasil (antiga Tractebel) em parceria com o fundo de pensão de Quebec, no Canadá, pode mudar o ranking da geração de energia do Brasil. A Engie Brasil, que pertencia ao grupo GDF Suez, que adotou o nome Engie, já é a primeira geradora privada de energia do Brasil. Com capacidade instalada de de 9.178 MW, só perde para a Chesf, que tem capacidade total de 10,2 mil MW (mas com a baixa vazão do São Francisco, a produção está muito aquém disso) e para Furnas, com 9,4 mil MW. A Eletronorte vem em terceiro com 8,9 mil MW.

Na verdade, todas as empresas importantes em geração no Brasil, exceto a Petrobras, que produziu quase 7 mil MW em 2018, estão ligadas ao grupo Eletrobras. E a Engie tambgém está à espreita na possível privatização a partir de um aumento de captal no qual a União pediria mesa, deixando outros parceiros assumir o controle. Pelo sim pelo não, a Engie já tem conselheiro amigo integrando o Conselho de Administração da Eletrobras. O apetite dos franceses é grande.

No ano passado a Engie comprou duas usinas da Cemig e agregou mais de 1.000 MW à sua carteira com a compra de complexos eólicos na Bahia, no que agora se confirma a repetição, no Brasil, da sua estratégia mundial de diversificação de fontes de energia, na direção das energias limpas. Na Europa, se desfez de plantas produção de energia oriunda do carvão mineral. Energia solar, eólica e de fontes renováveis (hidrelétricas) estão na sua mira. A filial brasileira, com sede em Florianópolis (porque a Tractebel privatizou a Eletrosul no governo FHC), é dirigida por uma mulher, Isabelle Kocher.

O futuro da energia no Brasil, está no gás, abundante na área do pré-sal, sobretudo na Bacia de Santos, que há muito desbancou a Bacia de Campos (mesmo considerando a exploração mais profunda em áreas do pré-sal, como a maior área produtora de petróleo e gás no Brasil. De acordo com os dados da ANP, no ano passado, o Brasil produziu mais de 100 milhões de m3. A produção própria já é mais de três vezes o volume de gás fornecido pela Bolívia.

Todas as indicações são de que o uso do gás natural vai ter a grande expansão no país, a partir de sua transformação em gás liquefeito de petróleo. Em Pecém (CE) já existe planta de transformação. Outras regiões do país terão terminais de processamento de GN para GLP, para uso industrial e comercial e principalmente como combustível dos caminhões, em alternativa ao diesel.

Esta semana foi aprovado um pacote de financiamento de mais de R$ 2 bilhões para o grupo GNA parceria formada pela Prumo Logística, BP e Siemens para a construção de uma termelétrica de 1,3 GW (cada giga equivale a 1 mil MW, na região do Porto do Açu, em São João da Barra (RJ). O Banco Mundial entrou, via IFC, com R$ 288 milhões e o BNDES, em parceria com o banco alemão KfW IPEX, mais R$ 1,76 bilhão. A termelétrica deve entrar em operação em 2021. Uma segunda usina, com 1,7 GW deve produzir a partir de 2023. A título de comparação, Açu geraria 50% mais energia do que as usinas de Angra I (635 MW e Angra II 1.350 MW).

Mas, por tudo isso soa estranho o interesse atual da Engie pelo gás no Brasil, já que no ano passado ela cedeu, por US$ 1,6 bilhão, a operação de gás natural na Europa para o grupo Total, petrolífera franco-belga (como a Engie). Como a Total, ainda na gestão Pedro Parente, acertou forte acordo operacional com a Petrobras, é possível que os dois grupos (Engie e Total) caminhem juntos no Brasil explorando as mais variadas fontes de energia, sobretudo quando a Petrobras se retirar da hegemonia do refino.