O IBGE deve vender seus prédios, principalmente onde o presidente "tem vista para o mar", para poder executar um bom Censo Demográfico no país, sugeriu ontem o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao dar posse à nova presidente, Susana Cordeiro Guerra, na sede do Maracanã, onde fica o computador central do órgão. Ele sugeriu ainda que a pesquisa seja simplificada, "porque quem pergunta muito acaba descobrindo demais", brincou. "Vamos tentar simplificar. O censo de países desenvolvidos tem 10 perguntas, aqui tem 150", criticou Guedes em discurso.
Ele ressaltou a importância do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística na vida do brasileiro, mas lembrou que a nova gestora terá muitos desafios pela frente, pela situação financeira pela qual passa o órgão. "Esse emagrecimento que aconteceu, de sete mil para cinco mil (funcionários) e, agora, com possibilidade de aposentadoria também. Tem um enigma não resolvido que são as três sedes e seis prédios. Falta dinheiro para o Censo (2020), mas o presidente fica de frente ao Pão de Açúcar, a diretoria fica no Centro e turma da ralação fica aqui (no Maracanã). Devia todo mundo estar junto em um prédio só. Ou quem sabe a gente vende os prédios e bota dinheiro para complementar, para fazer o Censo bem feito. Esse é um desafio. Tem que acabar com o privilégio e acabar com a vista para o mar do presidente. Mas o desafio de gestão é de vocês."
Censo e contrasenso
A ideia da venda de prédios do centro para a concentração dos funcionários entre o Maracanã e uma nova unidade mais econômica no Centro, onde há muita oferta de imóveis, foi sugerida há dois anos, quando Paulo Rabello de Castro presidia o IBGE. O edifício Iguassu, com 16 andares, na Avenida Beira Mar, 436, no Castelo, a 300 metros do Aeroporto Santos Dumont, tem vista para o mar. Do alto do edifício da Av. Frankling Roosevelt, 166, no Castelo, também se vê o mar. Seriam valorizados, com um retrofit, como a antiga sede do BNH, no Castelo, recuperada pela Prevhab e que pode valer mais de R$ 100 milhões, segundo corretores imobilários.
A presidência, na Avenida Chile 500, tem vista para o Pão de Açúcar. Há a unidade no Maracanã (Rua General Canabarro,796), um imóvel no Meier, a grande área da diretoria de cartografia e gráfica, em Vigário Geral, e ainda um prédio no centro de Niterói. Racionalização à parte, a venda de um ou mais imóveis não cobriria nem 10% ou 15% dos custos do Censo (a cada 10 anos). A menos que seja simplificado, como sugere o ministro. O último orçamento era de R$ 3, bilhões.
Qualidades da nova presidente
Guedes destacou as qualidades de Susana Guerra, explicando que tentou levar a executiva para Brasília, como assessora "do que ela quisesse". Mas, segundo o ministro, a economista preferiu o desafio do IBGE. "Acompanhei a carreira da Susana há muitos anos, tem excelente formação, participou de grandes organizações internacionais", elogiou. Em seu discurso de posse, Susana Guerra disse que estava há 20 anos fora se preparando para voltar e ajudar o país, e que o "brilho nos olhos" dos funcionários do IBGE mostraram que ela tomou a decisão acertada. Assim como Guedes, o desafio de realizar o censo demográfico com 240 mil contratados também foi apontado pela executiva como prioridade.