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França intensificará preparativos para Brexit sem acordo

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A França intensificará seus preparativos para um Brexit sem acordo, após a rejeição categórica da Câmara dos Comuns do projeto de saída negociado com Bruxelas pela premiê britânica, Theresa May - anunciou a Presidência francesa nesta quarta-feira (16).

O primeiro-ministro da França, Édouard Philippe, reúne-se na quinta-feira de manhã "com os principais ministros interessados para fazer um balanço dos preparativos e acelerá-los", informou o Palácio do Eliseu.

Esta reunião estava na agenda desde antes da votação britânica, como parte dos preparativos para o Brexit, previsto para 29 de março.

"Os riscos de um 'não acordo' aumentaram ontem" com a rejeição do acordo por uma grande maioria dos deputados britânicos.

Esse cenário "seria muito negativo para o Reino Unido" e "seria ruim para a Europa e para a França, que é a porta de entrada" para grande parte dos fluxos entre o Reino Unido e o restante do continente, acrescentou o Eliseu.

O Parlamento francês prepara um projeto de lei, na tentativa de se antecipar a qualquer cenário envolvendo o Brexit. O texto pode ser aprovado até o final desta semana.

Os exportadores de vinhos e destilados franceses "lamentaram" hoje a rejeição do acordo e pedem uma "solução política alternativa" até 29 de março.

O Reino Unido é o segundo cliente da França, atrás dos Estados Unidos, com 281 milhões de garrafas de vinho e destilados vendidas em 2017, o equivalente a 1,32 bilhão de euros.

Para o presidente da Federação dos Exportadores de Vinho e Destilados da França (FEVS, na sigla em francês), Antoine Leccia, "esta decisão (do Parlamento), que faz surgir o espectro de um 'não acordo', pode ter consequências pesadas para a economia e para os cidadãos das duas partes".

Em 2017, apenas no caso do champanhe, as exportações para o Reino Unido chegaram a 27,76 milhões de garrafas, chegando a 415 milhões de euros.

"Mas a França também é um importante importador de destilados britânicos", ressalta a Federação em uma nota.

"Essa votação prejudica uma relação comercial histórica e frutífera entre nossos dois países. Também coloca todas as nossas empresas em uma situação de incerteza total quanto às normas que deverão reger o comércio bilateral, a partir de 30 de março de 2019", completa o comunicado.

"Podemos apenas lembrar, mais uma vez, as autoridades políticas britânicas e europeias que façam tudo que estiver ao alcance para encontrar uma solução política alternativa até 29 de março próximo", insistiu a Federação, que também pede aos envolvidos - britânicos, franceses e europeus - "que informem as empresas o mais rápido sobre as novas regras de modalidades" que passarão a valer após o Brexit.

jri/meb/zm/tt