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Grupo francês LVMH compra o inglês Belmond por US$ 3,2 bilhões e leva o Copacabana Palace

José Peres -
Grupo francês pode devolver ainda mais glamour ao Copacabana e ao anexo e reformar, enfim, o teatro, destruído por incêndio em 1994
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Conglomerado nº 1 em luxo no mundo, o LVMH, dona da Louis Vuitton e que controla quase uma centena de cobiçadas grifes de roupas e acessórios, relógios, jóias e diamantes, relógios, perfumes e algumas das mais prestigiosas marcas de bebidas, acaba de ampliar o leque de objetos de luxo da elite mundial ao anunciar ontem em Paris a compra da rede inglesa de de hotéis Belmond (do grupo Oriente Express) por US$ 3,25 bilhões (incluindo US$ 600 milhões em dívidas). Na carteira da Belmond, são mais de 40 hotéis, como o único na lendária cidade Inca de Machu Picchu, no Peru, o Hotel Splendido, na Riviera Italiana, e ainda o Cipriani e o Caruso. Dois entre os 40 são brasileiros: o Hotel das Cataratas, em Foz do Iguaçu (PR), ponto turístico obrigatório em visita à América do Sul, e o mais famoso de todos, o Copacabana Palace, ícone da cidade do Rio de Janeiro.

É certo que o core business da LVMH, continuará sendo a moda e o consumo de luxo, mas o lazer é parte do life style. Proporcionar sempre novas sensações é um desafio dos conglomerados voltados para o luxo. Que o digam as concorrente do grupo francês, que controla o jornal Les Echos, Kering e Richemont. Quase não restam mais marcas importantes a serem conquistadas nos ramos de couro e alta costura. Restam ainda uma Chanel.

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Grupo francês pode devolver ainda mais glamour ao Copacabana e ao anexo e reformar, enfim, o teatro, destruído por incêndio em 1994 (Foto: José Peres)

Orla disputada

Apesar dos pesares, da violência e do desprezo dos paulistas pelo estilo de vida carioca, a verdade é que as principais redes mundiais de hotelaria adoram o Rio e a orla de Copacabana é a joia da coroa, com sua iluminação noturna que mais parece um colar de pérolas. Os franceses, que já estavam presentes com a rede Accor (dona das marcas Sofitel, Mercure, Novotel e Ibis e que vai reinaugurar o o antigo Rio Palace como Fairmont, em março de 2019) ganham um reforço de peso contra a invasão da rede holandesa Golden Tulip e a americana Hilton (que comprou há dois anos da rede Windsor, grupo de espanhois e brasileiros) o antigo Meridien, no Leme.

No Copacabana Palace, cujas 239 suítes passaram por reformas nos últimos anos e está modernizado nos padrões Belmond - mas não necessariamente no estilo LVMH -, há dois imensos desafios. O primeiro é a restauração do Teatro Copacabana, onde as atrizes como Fernanda Montenegro e Tonia Carrero encenaram grandes sucessos. Destruído por um incêndio nos anos 90, o teatro, no centro do imponente edifício principal, com entrada pela Avenida N. Sra de Copacabana, nos fundos, exige investimentos de quase R$ 20 milhões. O grupo Belmond chegou a negociar o enquadramento do projeto na Lei Rouanet, mas a negociação não foi adiante.

Outro equipamento importante, que poderá ser ainda mais revitalizado é o Anexo do Copa, de frente para a piscina. Seus 72 apartamentos originais foram reformados em 2009, quando as unidades de quatro quartos (três por andar) viraram 90 apartamentos mais modernos e confortáveis. Além de Jorginho Guinle, que tinha uma suíte no anexo, quando gastou o seu último centavo (calculou que morreria mais cedo), lá moraram importantes personagens da vida política e empresarial brasileira. Um deles foi o advogado especialista em direito comercial e tributário, José Luiz Bulhões Pedreira. Depois de fazer a Lei das Sociedades Anônimas, de 1976, além de inúmeras inovações, como a Correção do Ativo Imobilizado (final do governo JK, que veio a ser o embrião da correção monetária em 1964) Bulhões lá viveu por quase 30 anos. A viúva, Tarcema, seguiu até a morte, em março deste ano.

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LVMH, o conglomerado mundial do luxo

O grupo LVMH, do francês Bernard Arnaud tem uma filosofia: quem paga US$ 1 mil por uma bolsa Louis Vuitton pode gastar US$ 2 mil para dormir uma noite numa suite do Hotel Caruso na Costa Amalfitana ou no Cipriani, em Veneza. Dono das marcas cobiçadas pelos milionários ou pelos que querer exibir status, como os diamantes da De Beers (diamantes são para sempre, dizia James Bond), relógios Hublot (encrustrados de diamantes) e Tag Heuer, as grifes Dior, Givenchi, Valentino, Kenzo, Marc Jacobs, Donna Karan, Bvlgari, os mais disputados perfumes do mundo, às mais sofisticadas bebidas, como o vinho Chatêau D’Yquem (para arrematar jantar regado a Don Perignon, Krug, ou Moët&Chandon e um conhaque Henessy após o café), o LVMH enxerga longe. Com a abertura do mercado da aviação, o Copacabana Palace pode reviver dias de glória. Champagne e conhaque vão rolar à vontade dos novos donos.