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Copacabana Palace: Uma lenda que faz 100 anos

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Copacabana ainda era uma praia deserta quando os empresários Octavio Guinle e Francisco Castro Silva inauguraram o Copacabana Palace, em 13 de agosto de 1923. Badalada pela vedete francesa Mistinguett, que atraiu a atenção internacional para o hotel, a inauguração, porém, aconteceu um ano depois da Exposição do Centenário da Independência do Brasil, que motivou o presidente Epitácio Pessoa (1919-1922) a convidar os empresários para a empreitada. Com o lançamento da pedra fundamental em 1919, no ano que vem o lendário hotel completa seu centenário.

A dupla impôs como condição ao projeto, de autoria do arquiteto francês Joseph Gire - inspirado nos hotéis Negresco e Carlton, na Riviera Francesa – a inclusão de um cassino. Só que como a obra atrasou, por conta da dificuldade de importação dos mármores e cristais usados nas fundações (com 14m de profundidade), à falta de tecnologia existente no país e à tenebrosa ressaca que assolou a orla, em 1922. Artur Bernardes (1922-1926), presidente que sucedeu a Pessoa, tentou cassar a licença para o cassino. Após uma briga judicial de dez anos, a família Guinle ganhou a causa e conseguiu conquistar, com isso, fama e glamour para Copacabana nas décadas seguintes.

A icônica piscina foi construída em 1934, com projeto do engenheiro César Melo e Cunha, ampliado em 1949. Quatro anos depois abria as portas o “Golden Room”, com um espetáculo do ator, cantor e humorista francês Maurice Chevalier.

O que notabilizou para todo o sempre o Copacabana Palace foi a constelação de estrelas que passaram por lá. O playboy Jorginho Guinle, que viveu no hotel de seu tio até morrer, aos 88 anos, assegurou a gratuidade de hospedagem para suas namoradas da mais alta estirpe, como Marilyn Monroe e Jane Mansfield. Nessa fase, em acesso de ciúmes do namorado, Frank Sinatra, Ava Gardner destruiu sua suíte e praticamente esgotou o estoque de whisky do Golden Room. Brigite Bardot não se hospedou, mas atraiu uma multidão quando andou por lá.

Nesse meio tempo, passaram pelo Copa a Rainha Elizabeth e o príncipe Philip; sua discreta nora, a princesa Diana, pediu que fossem desligadas as luzes da piscina para que pudesse nadar em paz. Já a polêmica cantora Janis Joplin nadou nua e acabou presa. O não menos rumoroso Alice Cooper e sua banda passaram uma madrugada travando uma guerra de arremesso de pratos e comidas. Rod Stewart foi outro que destruiu parte de sua suíte ao transformá-la em campo de futebol. Paul McCartney passou por lá sem deixar marcas.

Com duas estadias no hotel, Keith Richards, dos Rolling Stones, chegou a convencer a gerência a lhe vender a cama onde dormiu com a mulher para presenteá-la, já que ela, que sofria de insônia, conseguiu dormir com os anjos durante a hospedagem.

Com a proibição do jogo no país, em 1946, o cassino foi transformado em casa de espetáculos, quando o hotel passou por uma grande reforma que aumentou sua capacidade. Em 1985 chegou a se especular sua demolição, evitada pelos tombamentos federal, estadual e municipal. Em 1989 o Copa foi adquirido pelo grupo Orient Express. Só em 2014 passou a se chamar Belmond Copacabana Palace, até voltar a trocar de mãos ontem e flertar com as mais luxuosas marcas mundiais, pelas mãos do empresário francês Bernard Arnault.