
A crise ainda é aguda na área da Barra da Tijuca e Recreio, com estoques excessivos dos lançamentos residenciais e de hotéis para as Olimpíadas, e no Porto Maravilha, onde a aposta na demanda por imóveis empresarias foi afetada pela retração das economias brasileira e carioca. Mas, nos últimos três meses, antes até das eleições, o mercado de imóveis residenciais do Rio retomou o vigor em bairros próximos ao Centro da cidade, como Flamengo, Laranjeiras e Botafogo.
Quem dá exemplos de sucesso é Cláudio Castro, diretor da Sérgio Castro, uma das maiores imobiliárias da cidade. “O lançamento dos 148 apartamentos da antiga sede do Flamengo, no Morro da Viúva, no Flamengo, pela RJzCyrela, com projeto do Studio Yoo, do renomado arquiteto francês Phillip Starck, vendeu 75% em pouco mais de uma semana”. No mesmo bairro, na Rua Machado de Assis, junto ao Largo do Machado, “o Icono Park, lançamento do Opportunity vendeu 80% dos 487 unidades em poucas semanas”.
Para Cláudio Castro a demanda pelos dois pontos explicam o sucesso. A antiga sede do Flamengo fica de frente para o Pão de Açúcar e o Aterro do Flamengo e os apartamentos, de 150 e 181 metros quadrados, “embora caros na minha visão, com cerca de R$ 20 mil o m2, venderam muito bem pela excelência do projeto, com seis edifícios independentes”, sublinha. Sexta-feira, apenas 12 imóveis aguardavam o sim dos interessados em pagar R$ 3 milhões a R$ 3,62 milhões.
O sucesso do Icono Park, que segundo o corretor teve demanda principalmente de moradores do próprio bairro e de Laranjeiras, Cosme Velho e Botafogo, mostra uma demanda dos moradores que há muito habitam a região próxima ao Centro e dos novos locais de trabalho no entorno, por prédios residenciais modernos (preços a partir de R$ 1 milhão) que ofereçam os atrativos de áreas de lazer (piscina, quadras esportivas, academia de ginástica e outros serviços) que os prédios não têm. O retrofit na antiga sede do Flamengo é uma amostra de como as novas tecnologias incorporadas pela arquitetura tornam atraentes imóveis antes descartados.
O Opportunity, de Daniel Dantas, é um dos que apostam no Centro. Após construir o Passeio Corporate, entre as ruas Evaristo da Veiga e Marrecas, para onde a Caixa está transferindo as atividades no Rio, o fundo imobiliário vai lançar 100 apartamentos nas Marrecas para atrair funcionários da Caixa.
Sinais de vida
Para Cláudio Castro, uma parte do mercado já deixou o fundo do poço desde o 2º semestre. Além da corrida aos lançamentos pelos consumidores atraídos pelos juros mais baixos, a Sérgio Castro foi procurada nas últimas semanas “por três dos maiores fundos imobiliários internacionais dispostos a investir no Rio”. E o foco dos investidores está nos bairros de liquidez e preços mais baixos: Flamengo, Botafogo e Laranjeiras e Copacabana, onde não houve a febre especulativa de Ipanema, Leblon e Barra, anterior à Copa de 2014, e os preços se ajustaram mais rápido à crise. Ele prevê longo prazo de escoamento dos estoques de Barra e Recreio e recomenda aos donos de imóveis de Ipanema e Leblon a aceitar o prejuízo ou ter paciência para esperar alguns anos.
A ocupação de prédios corporativos no Centro e no Porto e investimentos na reforma de hotéis no Centro indicam a economia em reação e a confiança no novo governo vai aumentar a demanda por imóveis, afirma.