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Bancos ganham R$ 30,6 bi com tarifas no 3º tri

Resultado garantiu o lucro de R$ 20 bilhões para o cartel de 6 bancos

Arte JB -
Lucros dos Bancos e as Tarifas (em R$ Bilhões)
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Com o lucro líquido ajustado do Banco do Brasil, de R$ 3,402 bilhões no 3º trimestre, um aumento de 28,6% sobre o mesmo período de 2017, falta apenas o balanço da Caixado Banrisul para completar a grande safra de balanços trimestrais dos bancos. Mas, desde já, com os extraordinários desempenhos do Bradesco, que lucrou R$ 5,471 bilhões, e do Safra, que ganhou R$ 1,509 bilhão, um aumento de 13% sobre igual período de 2017, não resta dúvida: foi o maior ganho do cartel bancário em todos os tempos. Só dos quatro maiores bancos listados em Bolsa (BB, Bradesco, Itaú e Santander), o lucro líquido soma R$ 17,7 bilhões, com avanço de 28,5% sobre o 3º trimestre de 2017, segundo a consultoria Economática.

O BB destaca que seu resultado foi “impulsionado por menores gastos com calotes e crescimento da margem financeira líquida” e o incremento na recuperação de créditos no período. De janeiro a setembro, o lucro líquido ajustado do BB foi a R$ 9,7 bilhões, aumento de 22,8% sobre o mesmo período de 2017. Em um ano as operações de crédito do BB cresceram apenas 1,4%. O impulso veio nos empréstimos à pessoa física, com expansões de 1,0% ante junho e de 2,3% em 12 meses. Na pessoa jurídica, houve recuos 2,3% e 5,9%, respectivamente. Nos demais bancos não foi diferente: o crédito cresceu pouco, em alguns casos muito abaixo da inflação, que acumulou 4,53% no período, ficando concentrado nas pessoas físicas, que pagam os maiores juros nas operações de cartão de crédito, crédito pessoal e cheque especial.

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Lucros dos Bancos e as Tarifas (em R$ Bilhões) (Foto: Arte JB)

O filão das tarifas

Mas o segredo dos bancos para lucrarem mais, mesmo quando a economia cresce pouco e as empresas demandam menos crédito do que em períodos de franca expansão, está no filão das tarifas. Uma terra de ninguém, já que o Banco Central não fiscaliza o mercado. Seu plano de contas, nem sempre tem atualização anual. Os bancos criam novas cestas e cobram o que querem sem que o cliente entenda.

Ontem, o recém empossado presidente do BB, Marcelo Labuto, que assumiu o cargo com a renúncia de Paulo Cafarelli, que vai comandar a Cielo, manifestou intenção de buscar maiores receitas nas tarifas de prestação de serviços. Um de seus alvos são os seguros da parceira Mapfre.

No 2º trimestre, o BB, que é maior que o Bradesco e briga com o Itaú na liderança em ativos (tem R$ 1,471 trilhão), teve receitas de R$ 6,871 bilhões em tarifas bancárias e de serviços, contra R$ 9,188 bilhões do Itaú (que considerou operações na América Latina) e os R$ 8,072 bilhões do Bradesco. Bem menor, o Santander teve lucro de R$ 3,038 bilhões (próximo ao do BB sem ajuste, de R$ 3,175 bilhões) e receitas de R$ 4,135 bilhões.

O BB tem muitos ganhos com a gestão da BB DTVM sobre as carteiras do fundo de pensão dos funcionários do BB (a Previ, maior fundo de pensão do país). Se vingar a intenção de Paulo Guedes, futuro ministro da Economia, de uma fusão operacional (no Brasil e nos EUA) entre BB e o Bank of America, o BB tem mesmo que se preocupar com novas fontes de receita. Hoje, o BB tem ganhos cativos com a carteira dos servidores e empregados das estatais, além da movimentação do Plano Safra para a agricultura. Nas privatizações do governo Bolsonaro, pode ser afetado. Outra fonte de ganhos é o controle de 49% do Banco Votorantim. O banco da família Ermirio de Moraes lucrou R$ 268 milhões, com alta de 75,16% sobre o 3º trimestre de 2017. Só as receitas de tarifas somaram R$ 779 milhões.

Tags:

Banco | economia | tarifa