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Empresas de benefícios ampliam recursos oferecidos aos usuários, como compras e saques

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De olho em companhias que precisam de mais fluxo de caixa e em trabalhadores que penam para que o salário dure até o fim do mês, empresas de benefícios têm ampliado a gama de recursos oferecidos em cartões pré-pagos de antecipação salarial. Com eles, funcionários podem fazer compras em estabelecimentos ou redes parceiras - e o montante gasto é descontado em folha no mês seguinte. Especialistas afirmam que o cartão deve ser usado com moderação, para que não se crie uma relação de dependência que comprometa a renda e leve a novas dívidas.

A Sodexo, que atua no setor de vales alimentação e refeição, lançou em setembro um novo produto em parceria com a Wex, empresa global em soluções de pagamentos corporativos. Trata-se de um cartão de adiantamento de até 30% do salário que permite ao trabalhador fazer compras, saques em caixas eletrônicos, pagamento de contas, transferências bancárias e recargas de celular. Iniciativas como essa formalizam o popular “vale”: quando o patrão adiantava o salário do empregado e descontava o valor no mês seguinte.

O produto da Sodexo funciona da seguinte maneira: o trabalhador usa o cartão e depois tem os valores descontados na próxima folha de pagamento. Segundo o vice-presidente de produtos, serviços e tecnologia da Sodexo Benefícios e Incentivos, Stener Navarro, o funcionário não tem nenhum custo para ter o cartão ou para fazer compras. Mas, se optar por saques em caixas eletrônicos ou transferências, há uma taxa de R$ 8. Se o trabalhador quiser parcelar o pagamento da transação, a taxa de juros será de 8,9% ao mês. Desde o lançamento, cerca de cem empresas já demonstraram interesse pelo produto.

Já a Ticket resolveu apostar no setor de saúde. O cartão de adiantamento salarial, o Ticket Plus, já tem 18 anos, mas foi no início deste ano que a empresa passou a oferecer descontos de até 60% em mais de 40 mil farmácias e em serviços médicos de uma clínica parceira. “Com o cartão, ela pode definir a porcentagem que o funcionário pode gastar - e ele, dependendo do dia da compra, tem até 40 dias para pagar”, diz Adriana Serra, diretora de produtos da Ticket. Ela afirma que o cartão já tem mais de 1 milhão de usuários, concentrados em São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro.

A rede Alelo lançou seu cartão de antecipação no início de 2017 depois de uma pesquisa mostrar que o vale alimentação acabava no quarto dia útil após o recebimento e o de refeição, no 21.º dia. “Os funcionários ficavam quase metade do mês descobertos”, afirma o diretor de marketing e produtos da Alelo, André Turquetto.

O produto, no entanto, apenas pode ser usado na rede Alelo, que inclui mais de 500 mil estabelecimentos de alimentação, combustíveis, farmácia e entretenimento, entre outros. Com a nova lei trabalhista, muitas empresas tem usado o cartão para dar alguns benefícios, a título de auxílio, aos funcionários, sem a incidência de impostos. Por exemplo: num dissídio, a empresa pode dar um aumento menor e complementar com um benefício no cartão. Nesse caso, a empresa define um valor e onde o funcionário pode gastar, como farmácia, por exemplo.

Em um ano, a Alelo já emitiu 300 mil cartões, com gasto médio de R$ 350 cada. “O objetivo é triplicar esse número até o fim de 2019”, diz Turquetto. Nesse caso, o ganho da Alelo vem dos estabelecimentos comerciais em que os trabalhadores fazem suas transações. Na Sodexo, a remuneração é feita pela parceira Wex, que paga um porcentual sobre todas as compras e transações financeiras feitas pelos trabalhadores.