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Flip: Barco ‘pirata’ tem encontros literários

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Tratar a realidade brasileira com literatura contemporânea pode armar um par de armadilhas para o autor, e essa foi uma das preocupações centrais da mesa que abriu ontem a programação paralela da Festa Literária Pirata das Editoras Independentes (Flipei), o barco-sensação da 16ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty. 

Christiano Aguiar e Antonio Lino conversaram sobre suas produções mais recentes. Aguiar lançou recentemente o livro “Na outra margem, o Leviatã” (Lote 42), uma reunião de contos que ficcionalizam situações diferentes, relacionadas à questão política. “Mas antes disso, a própria existência da literatura é política, mesmo sem qualquer pretensão. Ela pede a escuta, o diálogo. Literatura não está na gaveta. É o encontro de duas subjetividades.” 

Em um conto, por exemplo, ele ficcionaliza uma reintegração de posse inspirada pelo episódio do Pinheirinho, em São Paulo, em 2011, mas transportada no texto para o interior da Paraíba, onde ele nasceu. “Mas não há no meu trabalho uma busca imediata por respostas. Procuro que o impacto da situação passe no primeiro momento, e depois preciso encontrar a lógica para contar aquela história, mas não coincide com a busca de uma resposta imediata”, explicou o autor. 

Lino lançou no fim de 2017 o livro “Branco vivo” (Editora Elefante), para o qual viajou pelo Brasil em busca de histórias relacionadas ao programa Mais Médicos. Não-ficção, a obra tem fotografias de Araquém Alcantara. 

Com 14 editoras independentes, o barco da Flipei é uma das principais novidades desta edição da Flip. Ele fica atracado à margem do canal e a plateia, no continente. A iniciativa da editora Autonomia Literária e do coletivo Rizoma representa um movimento recente na Flip, de agregar editoras menores em espaços colaborativos, atraindo assim mais bibliodiversidade a Paraty.