O filme francês “A noite devorou o mundo” (La nuit a devoré le monde) surpreende e subverte o subgênero dos zumbis. Esqueça “Walking dead”, “Extermínio” ou “A noite dos mortos-vivos”. O que temos aqui é o diretor estreante Dominique Rocher indo na contramão de tudo o que já foi visto antes.
A trama acontece quando Sam (o norueguês Anders Danielsen Lie) vai numa festa na casa de uma ex. Sentindo-se perdido e isolado naquele ambiente, um embriagado Sam se tranca em um dos quartos e apaga. Ao acordar, percebe que Paris não é mais a mesma, foi tomada por zumbis e rastros de sangue se espalham pelo apartamento e prédio. Fugindo do óbvio, o diretor opta pelo caminho do minimalismo e do vazio existencial ao retratar a vida desse arquétipo de Robinson Crusoé em sua fortaleza parisiense. Com um rifle, ele sai em busca de alimentos nos apartamentos vizinhos, coleta água da chuva no telhado e vai passando seus dias isolados, sem contato com qualquer outro humano. Se é que sobreviveu mais alguém? Uma pergunta que é respondida lá pelo meio do longa.
“A noite devorou o mundo” pode frustrar quem espera mais um filme de zumbi, mas este é seu maior mérito: inovar. Rocher retrata perfeitamente a solidão moderna nas cidades grandes e o vazio existencial, que cada vez mais toma conta das vidas humanas. O diretor faz um ótimo exercício de estilo.
* Assistente de direção e jornalista
____________
A NOITE DEVOROU O MUNDO: *** (Bom)
Cotações: o Péssimo; * Ruim; ** Regular; *** Bom; **** Muito Bom
____________